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Após chuvas, desafio de produtores é escoar colheitas para evitar perdas

Imagem: Diego Vara/Reuters

Alexandre Garcia

Colaboração para o UOL, de São Paulo

09/05/2024 10h30

A maior parte das safras de arroz, milho e soja já havia sido colhida no Rio Grande do Sul quando os temporais atingiram as plantações. Agora, o desafio dos produtores rurais envolve o escoamento dos grãos armazenados na região. A eventual impossibilidade de remover a produção pode causar um prejuízo ainda maior, com a perda total dos produtos, afirmam especialistas do agronegócio.

O que aconteceu

Maior parte da safra de grãos já foi colhida no Rio Grande do Sul. Dados recentes da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) mostram que 76% da soja e 83% do milho plantado para a safra já foi colhido. No caso do arroz, 90% da área foi colhida em Uruguaiana e Barra do Quaraí. Outras áreas de cultivo do estado têm níveis de colheita acima de 70%.

Colheitas não realizadas são dadas como perdidas. O percentual da safra que não foi colhido nas fazendas gaúchas é considerado perdido. Segundo estimativas da Pine Agronegócios, o prejuízo total, que já conta com os grãos armazenados, está estimado em 2,5 milhões de toneladas de soja, 1,5 milhão de toneladas de milho e 1 milhão de toneladas de arroz.

Com as colheitas já realizadas, a preocupação está no escoamento. A remoção dos grãos parados nos armazéns é essencial para os produtores rurais, mas esbarra nos problemas de infraestrutura causados pelas chuvas, que podem resultar na perda total de determinadas colheiras.

Áreas de cultivo de arroz continuam alagadas nas margens de rios ou córregos em Cacequi, diz Emater. Houve ainda a interrupção da colheita em Pelotas e paralisações em devido ao atolamento das máquinas em Quaraí.

Grãos fermentados e estragados podem não servir nem como ração. A depender do nível de fermentação das colheitas, o volume armazenado pode sequer serem utilizados para alimentar os animais. As colheitas das próximas safras também podem estar ameaçadas com a necessidade de readaptação dos ambientes de plantação.

Mensuramos o avanço da colheita, mas as perdas recorrentes decorrentes das tempestades ainda não. Existe um gargalo muito grande para identificar quanto da produção colhida já conseguiu ser escoada e não está mais na região. O problema de infraestrutura é o gargalo maior do momento.
Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada)

Aquilo que a enchente atingiu acaba se perdendo também. Por mais que o produto esteja em um silo, aqueles grãos que estavam no processo de secagem continuam se desenvolvendo pela própria umidade e haverá a fermentação. Isso não dá para se aproveitar.
Alê Delara, diretor da Pine Agronegócios

Agora o problema envolve a produção de rações, já que teremos reduções do milho e do farelo de soja. O plantio do trigo, que começaria no início de junho, também é preocupante. Vai ter que fazer o tratamento desse solo e vai haver uma redução de área. Para trazer uma lavoura comercialmente normal, isso deve demorar de dois a três anos.
Alê Delara, diretor da Pine Agronegócios

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