Donos de restaurantes alagados montarão cozinha para doar marmitas

Os empresários Adelar Kleinert e Nelson Ramalho são donos da Mule Bule Eventos Gastronômicos, em Porto Alegre. A empresa tem restaurantes e produz comida para eventos. Com perdas na matriz e em duas unidades, a empresa deve montar uma cozinha de campanha e produzir marmitas para doações.

A matriz, que concentra o escritório, estoque e toda a produção, foi completamente inundada. Eles perderam tudo: equipamentos como forno, câmaras frias, ultra refrigerador e até veículos. Kleinert estima que os prejuízos cheguem a R$ 2 milhões.

A água cobriu tudo e chegou na carroceria dos caminhões. Tanto os equipamentos quanto os veículos e os caminhões têm motor. É ilusão achar que eles serão salvos.
Adelar Kleinert, dono da Mule Bule Eventos Gastronômicos

Quatro dos restaurantes em operação ficam dentro de hotéis. Dois deles também foram atingidos pelas chuvas e registraram perdas. Os outros dois estão abertos apenas para hóspedes.

Funcionários que moravam na região também perderam tudo. Quando pediram a evacuação, ele e os funcionários não tiveram tempo de levantar e nem pegar nada. "A região é comercial e no seu entorno tem casas populares para a população de baixa renda da cidade. Inclusive temos funcionários que moram lá que perderam tudo."

Kleinert e Ramalho estão envolvidos nos resgates. "Temos um Jeep e tiramos funcionários de suas casas em áreas muito comprometidas e levamos para abrigos."

Os empresários planejam, agora, criar uma cozinha de campanha para fazer marmita e apoiar a população afetada pelas águas. "Estamos firmando parcerias para realizar o trabalho porque acredito que em menos de 40 dias as coisas não vão se normalizar aqui em Porto Alegre."

Empresário perde um restaurante, e outra unidade funciona 20 horas/dia

O empresário Marcelo Mancuso, dono da rede Woking Thai Food, perdeu tudo em um de seus restaurantes em Porto Alegre. A unidade de Canoas, município da Grande Porto Alegre, fechou as portas sem previsão de reabertura.

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Já sua terceira unidade, também na capital, está funcionando mais de 20 horas por dia. O restaurante está vendendo comida para quem não consegue cozinhar em casa - seja pela falta de água, luz ou gás. Também é fonte de renda para entregadores.

Abrir meu negócio diante desse caos me deixou aflito. Afinal, eu estava trabalhando enquanto pessoas estavam lutando por suas vidas, mas eu vi que estava ajudando muita gente. Recebi várias mensagens de clientes agradecendo por estar aberto e me contando que não tinham como cozinhar. Isso me deu ânimo para continuar.
Marcelo Mancuso, dono da rede Woking Thai Food

A loja fica ao lado de um rio, o Jacuí, no Mercado Paralelo. Segundo ele, outras 12 lojas que ficam no espaço também foram atingidas. "Estou vivo e toda a minha família também. Temos nossa casa e isso me conforta. Sei que muita gente perdeu tudo." "É uma forma de mantermos nossa atividade, já que a empresa é a única fonte de renda minha e do meu sócio", disse.

Mancuso diz que sua casa não foi atingida pelas águas, mas que muitos funcionários perderam tudo. O sogro do seu sócio também está entre os que perderam seus bens.

Os funcionários das outras unidades que conseguem se locomover estão trabalhando. "Não tem como pedir para ninguém que está passando por esta situação trabalhar. Nós tínhamos um delivery muito forte, que exigia a atuação de muitos motoboys. Com duas lojas sem operação, todos ficaram sem trabalho."

Ele estima que o prejuízo com a loja alagada ultrapasse R$ 100 mil só em equipamentos. Perdeu câmara fria, exaustor e fogão, entre outros. "Não consegui chegar perto para ver se a loja ainda continua em pé", lamenta. A unidade tem seguro, mas ele ainda não sabe se a apólice cobrirá os gastos.

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