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Conab diz que o quilo do arroz custará até R$ 4 com estoque importado

Vista aérea de lavoura de arroz alagada pelas chuvas em Eldorado do Sul (RS) fotografada em 31 de janeiro Imagem: Arquivo pessoal/Marildo Mulinari

Maria Luiza Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/05/2024 11h29

Com os alagamentos que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, o governo ficou em alerta sobre a produção de arroz no país. O estado, que é responsável por 70% da produção do cereal do Brasil, já havia realizado 80% da safra atual, mas sofre com o escoamento e armazenamento desse e de outros produtos.

A meta da União é estocar um milhão de toneladas de arroz, maior quantidade registrada nesta década. Para enfrentar a provável alta nos preços nos próximos meses, o governo autorizou a importação de arroz de vizinhos do Mercosul em um primeiro momento e de países do sudeste asiático posteriormente.

O objetivo é garantir que o preço do saco de 5 kg não passe de R$ 20 ao consumidor final. Já na próxima terça-feira (21), serão adquiridas mais de 100 mil toneladas da safra de 2023/2024 em leilão.

Estratégia é para evitar a escassez

A importação de arroz para abastecer o estoque é estratégia para não haver escassez, não necessariamente para manter preços baixos. É o que diz Alexandre Chaia, professor de Economia no Insper. "Vejo mais como uma preocupação com a falta do que conter a inflação. Se os governos anteriores não tivessem esvaziado os estoques, não precisaríamos importar de forma tão urgente. A importação é normal, mas se o governo tivesse o objetivo de manter os preços acessíveis, já estaria trabalhando em restabelecer o estoque deste e de outros produtos.", analisa.

Com a maior parte da safra do RS já colhida, além da quantidade do cereal importado, a União conseguirá impedir a alta nos preços. "A Conab estima que o Rio Grande do Sul produz 7,50 milhões de toneladas - tendo em vista que a maior parte da safra foi colhida. Assim, a necessidade seria de aproximadamente 1,50 milhão de toneladas a mais, o que será cumprido com as importações.", finaliza.

A procura pelo arroz internacional é natural nesse momento de crise. Segundo o pesquisador do Cepea-Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) Thiago Carvalho, "independente do produto afetado, o mercado sempre vai procurar se ajustar. Se o preço de um determinado item sobe em um país, o comércio internacional já se prepara para a venda deste produto".

A quantidade de arroz importada é suficiente para conter a inflação, mas tudo depende da dinâmica da safra colhida no Rio Grande do Sul. "Um milhão de toneladas é o bastante para controlar a alta dos preços, mas é necessário olhar para o problema do escoamento que está acontecendo com a safra atual, principalmente a curto prazo."

Para que servem os estoques?

A formação de estoques públicos tem como objetivo garantir a renda do produtor, servir a população em casos de emergências e evitar grandes oscilações de preço. Funciona da seguinte forma: o governo compra os produtos quando estão com valores mínimos e os vendem em momentos necessários, como em períodos de escassez ou inundações, como as que estão acontecendo no Sul. O Brasil mantém essas reservas desde 1960, com produtos como trigo, milho, café, feijão, arroz, leite em pó, entre outros.

Nos últimos anos, os estoques foram sendo vendidos e não houve investimento em reposição até 2023. A Conab retomou os armazenamentos começando pelo milho. Foram adquiridas 352 mil toneladas do grão no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Esse estoque vem sendo usado no Programa Venda em Balcão (ProVB) e custou R$ 262 milhões aos cofres públicos.

A Conab também comprou 2 milhões de toneladas em leite em pó, que está sendo usado para atender famílias em situação de insegurança alimentar. Os recursos vieram do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O investimento total foi de R$70,5 milhões.

Os produtos são estocados em 64 unidades armazenadoras espalhadas pelo país, com 126 armazéns. Redes privadas também podem se credenciar para armazenar os estoques públicos.

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