BID cria Shark Tank da Amazônia e prepara bond para investimentos na região

O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) criou uma iniciativa para apoiar projetos inovadores na região amazônica. As propostas foram ouvidas durante a Semana de Sustentabilidade 2024, que ocorre em Manaus (AM).

O que aconteceu

Um total de 30 propostas foram apresentadas. A seleção foi batizada de Tambaqui Tanque, em referência ao programa Shark Tank. As soluções abarcam temas como inclusão financeira, pequenas e médias empresas, agronegócio e silvicultura, financiamento de carbono, financiamento inovador e parcerias público-privadas.

Projetos podem beneficiar mais de 2,1 milhões de pessoas diretamente. Também têm potencial para atingir 1,2 milhão de hectare de terras reflorestadas e conservadas e 6 milhões de toneladas métricas de CO2 sequestradas até 2030.

As propostas foram apresentadas à Rede Financeira Amazônica (AFN), iniciativa do BID que reúne 46 instituições financeiras com foco em ampliar o desenvolvimento sustentável da região amazônica.

Pedimos propostas que afetem positivamente a região e recebemos projetos tanto de pequenos quanto de grandes empresas. Agora vamos buscar maneiras para que esse processo continue e possamos receber mais projetos.
James Scriven, CEO do BID Invest, braço do banco para o setor privado

O BID também está desenhando um bond (espécie de investimento) amazônico junto ao Banco Mundial. A intenção com isso é atender a uma demanda global de investir na região de forma responsável. O instrumento de investimento ainda está sendo desenhado.

A gente quer capturar o desejo global de trabalhar nessa região. Há uma demanda global de vir para cá, e há a necessidade de que esse recurso seja bem utilizado nas áreas que o nosso programa Amazônia Sempre trabalha.
Ilan Goldfajn, presidente do BID

Rio Grande do Sul

Goldfajn anunciou ainda a ida de uma missão do BID e de outros organizamos internacionais para o Rio Grande do Sul a partir de segunda-feira. A meta é entender as demandas do estado afetado pelas recentes enchentes.

Continua após a publicidade

Já foram utilizados R$ 765 milhões em recursos do BID no Rio Grande do Sul em algumas semanas. O banco disponibilizou R$ 5,5 bilhões para a reconstrução do estado. Desses R$ 1,5 bilhão para uso imediato, dos quais R$ 765 milhões já foram usados. "Queremos disponibilizar até R$ 4 bilhões. Para isso precisamos de um plano", disse Goldfajn.

Goldfajn também comentou o fato de o BID ter negado a suspensão da dívida da prefeitura de Porto Alegre com o banco. Segundo ele, o banco disponibilizou uma linha de financiamento de US$ 150 milhões para a cidade. O valor é 80 vezes maior do que a dívida atual da prefeitura com o banco, de cerca de R$ 2,4 milhões.

Ajuda financeira x dívida. "O que queremos fazer é receber um pagamento menor e dar 80 vezes mais. Você mantém a dívida estável e isso facilita de o BID te dar muito mais. Então, nos ajudem a ajudar, a deixar tudo dentro dos conformes para a gente poder desembolsar muito mais", disse.

Público e privado

Em discurso no evento, Goldfajn falou sobre a importância da união entre setores público e privado. "É preciso unir esforços entre setor privado, setor público, comunidades locais e bancos multilaterais para atingir as metas de sustentabilidade na Amazônia na velocidade que queremos", disse.

Também falou sobre o programa Amazônia Sempre, lançado pelo BID no ano passado. "É um programa holístico que reúne atores-chave para promover o desenvolvimento sustentável da região", disse. Dentre os pilares do programa estão o combate ao desmatamento, o desenvolvimento de uma economia local sustentável e o investimento em pessoas e em infraestrutura sustentável.

Continua após a publicidade

Para alavancar essa iniciativa, o banco tem se voltado mais fortemente ao setor privado. Goldfajn disse que o BID está se tornando "o primeiro banco multilateral realmente focado no setor privado".

Uma das frentes da mudança é o BID Invest, braço do BID para o setor privado. "Temos uma nova visão de modelo de negócio e U$ 3,5 bilhões de capitalização do BID Invest, que vai aumentar seu poder para alocar desenvolvimento para o setor privado".

A Semana da Sustentabilidade reuniu cerca de 900 pessoas em Manaus (AM) para debater investimentos sustentáveis na Amazônia.

*A jornalista viajou a Manaus a convite da Coca-Cola, patrocinadora da Semana de Sustentabilidade 2024.

Deixe seu comentário

Só para assinantes