Não pode vencê-los? Junte-se a eles! Magalu firma parceria com AliExpress
Alexandre Novais Garcia
Do UOL, em São Paulo
24/06/2024 09h55
O Magazine Luiza anunciou nesta segunda-feira (24) um acordo estratégico para vender produtos do AliExpress, varejista chinesa associada ao Grupo Alibaba, em sua plataforma de marketplace no Brasil. A disponibilização dos itens é prevista já para o terceiro trimestre.
O que aconteceu
Produtos do AliExpress serão vendidos pelo Magazine Luiza no Brasil. Frederico Trajano, CEO do Magalu, afirma que a parceira visa diversificar os produtos disponibilizados nos marketplaces das duas varejistas.
A parceria potencializa duas das maiores audiências do e-commerce brasileiro, com mais de 700 milhões de visitas mensais nas duas empresas, e possibilita que o consumidor final tenha acesso a um amplo portfólio de produtos, com curadoria e serviço de qualidade.
Magazine Luiza, em fato relevante
Itens do comercializados pelo sistema do Magazine Luiza entram no Remessa Conforme. "Os pedidos serão emitidos com o nosso certificado do Remessa Conforme, de acordo com todas as leis e taxas recentemente aprovadas", garante Trajano.
Acordo começou a ser desenvolvido desde o final do ano passado. Trajano conta que as conversas com a varejista asiática reuniram várias áreas do Magazine Luiza e evoluíram no último mês. "A gente ficou muito confortável com a situação de fazer o acordo", disse.
Produtos vendidos inicialmente fazem parte das categorias de bens duráveis. O Magazine Luiza destaca a possibilidade de ampliar a presença no segmento com a disponibilização de produtos como os que integram a linha branca na plataforma do AliExpress. No sentido oposto, entram no sistema do Magalu itens de "cauda longa", como acessórios de informática, ferramentas e produtos de beleza.
Nunca foi nosso foco principal. Claramente, vamos ampliar as opções de itens dessas categorias.
Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza
Disputa com os asiáticos
Trajano revela que a parceria com o AliExpress foi aceita pelo setor no Brasil. Em entrevista coletiva, o CEO do Magazine Luiza nega ter criticado os varejistas asiáticos e afirma que o acordo foi bem recebido pelo IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo). Segundo ele, a união é necessária para sobreviver no mercado atual.
É impossível não conviver com a globalização dos mercados. Era importante somente ter mais isonomia e foi o que aconteceu.
Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza.
Críticas aos varejistas chineses motivaram a "taxa das blusinhas". Com o avanço de Shein, Shopee e AliExpress no mercado nacional, o Congresso aprovou uma cobrança de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50. O texto, citado por Trajano como determinante para a formalização da parceria, ainda depende da sanção ou veto do presidente Lula.
Momento adverso
Anuncio é realizado em meio a crise enfrentada pelo Magazine Luiza. A varejista brasileira amarga fortes perdas nos últimos anos em meio aos avanços das concorrentes estrangeiras e da manutenção das taxas de juros em níveis elevados.
Varejista agrupou as ações para evitar oscilações. Diante da desvalorização recente, o Magazine Luiza ajustou, de R$ 1,99 para R$ 12, o preço de cada papel listado na bolsa. O grupamento na proporção de 10 para 1 visa a estabilização das ações da empresa.
Somente neste ano, as ações da empresa desabaram quase 50%. Os papéis do Magazine Luiza, que abriram 2024 cotados a R$ 21,30, chegaram ao final da última sexta-feira (21) negociados a R$ 10,83. Os valores já consideram o grupamento recente.
Ações disparam
Os papéis do Magazine Luiza na bolsa brasileira saltam mais de 10%. Após o anúncio, as ações da varejista brasileira (MGLU3) operam em disparada, cotadas a R$ 11,99, às 10h33. A variação representa uma alta de 10,71% ante a cotação de fechamento da última semana (R$ 10,83).
Varejista libera os ganhos da bolsa brasileira na manhã desta segunda-feira. Com o ganho superior a 10%, as ações do Magazine Luiza têm a maior valorização do Ibovespa, principal índice do mercado acionário nacional. O papel é também o mais negociado do mercado.
Grupo Alibaba tem avanço mais contido. Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da empresa que lidera o conglomerado responsável pelo AliExpress (BABA34) apresentava alta de 1,47%, às 10h40, e eram negociados a R$ 14,44.