Quem é Anita Harley, herdeira e centro da disputa pelas Pernambucanas
A vida de Anita Harley, herdeira das Pernambucanas, é marcada por uma trajetória empresarial e familiar complexa. Aos 76 anos, Anita comanda o império varejista fundado há mais de um século por seu bisavô, Herman Lundgren.
Desde 2016, porém, ela encontra-se em coma após um AVC (Acidente Vascular Cerebral), enquanto uma batalha judicial envolvendo sua fortuna e herança se desenrola. Com 48% das ações da holding, Anita é figura central em disputas que envolvem união estável, maternidade socioafetiva e a administração de seus negócios.
O que aconteceu?
Anita Louise Regina Harley, de 76 anos, é bisneta do sueco Herman Lundgren, fundador das Casas Pernambucanas. Ela comanda a Pernambucanas há 24 anos. Desde 2016, Anita está em coma após ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Casas Pernambucanas foi fundada em 1908. A empresa de varejo atua no setor de cama, mesa e banho, além de vestuário, eletrodomésticos, cortinas, tapetes e decoração. A Pernambucanas tem mais de 500 lojas em 350 cidades brasileiras e 14 mil funcionários, conforme o site da empresa.
Divisão de negócios. Os problemas societários começaram no auge da empresa, nos anos 70, e culminaram na divisão do negócio em 1975. A empresa foi, então, dividida em três unidades: São Paulo, Rio de Janeiro e Nordeste, cada uma tocada por um membro da família. Os demais continuavam a ser acionistas, mas sem poder de decisão no dia a dia.
Nordeste e Rio de Janeiro fecharam. Nos anos 90, apenas a unidade de São Paulo não quebrou com a invasão dos importados no Brasil, que também fechou outras varejistas como Mappin e Mesbla. Os herdeiros dos ramos do Rio e do Nordeste, somados a outros descendentes, porém, ainda tinham 50% da empresa em São Paulo.
Morte da mãe de Anita. Em 1990, Helena, então dona de 50% das ações das Pernambucanas em São Paulo, morreu. A herança foi dividida entre os seus três filhos: Anita, que era diretora-presidente da empresa, assumiu a presidência no lugar da mãe e ficou com 25% das ações. Os outros dois irmãos, Robert e Christina, ficaram cada um com 12,5%. Anita deveria prestar contas da empresa a cada seis meses aos dois irmãos e distribuir os dividendos.
Fortuna
Atualmente, Anita detém 48% das ações de uma das holdings do grupo, sendo a maior acionista individual das Pernambucanas. O patrimônio dela é avaliado em R$ 2 bilhões. Em 2022, a empresária ocupava o 199º lugar na lista de bilionários brasileiros, segundo a Forbes. Na época, seu patrimônio era de R$ 1,6 bilhão.
Mais briga na Justiça. Anita Harley não tem filhos biológicos e nem herdeiros declarados. Antes do AVC, em 1999, a empresária fez um documento conhecido como "Testamento Vital", dando à sua assessora Cristine Rodrigues o poder de tomada de decisões caso ela, Anita, esteja incapacitada ou inconsciente. O documento foi invalidado pela Justiça em 2016, mas Cristine apresentou recurso.
Maternidade socioafetiva e disputa com suposta companheira. Em 2009, Sônia Aparecida Soares, funcionária de Anita, se mudou com seu filho, Arthur Miceli, para a mansão de Anita, no bairro da Aclimação, zona Sul de São Paulo. Os três teriam, a partir daí, se tornado uma família, já que Arthur seria tratado como filho por Anita. Por isso, quando foram escolhidos os curadores da fortuna de Anita - Cristine e o contador Toshio Kawakami -, Sônia entrou na Justiça alegando que trabalhou e viveu com Anita durante 20 anos.
União estável. A Justiça reconheceu em 2023 a união estável entre Sônia e Anita. Antes, a maternidade socioafetiva de Arthur também foi reconhecida, o que o tornou responsável pelos cuidados com a saúde e fortuna de Anita e poder de voto na holding das Pernambucanas. Assim, em 2022 Arthur se tornou curador e representante de todas as vontades de Anita.
Cristine tenta recuperar o poder de tomada de decisões. A assessora teria conhecido Anita na década de 1960. Aconselhada por advogados, Cristine também apresentou um pedido de reconhecimento de união estável com Anita. Ela alegou que o único objetivo era assegurar a vontade de Anita de manter Cristine como curadora.
Ruptura entre mãe e filho. Após um ano como presidente, Arthur demitiu Daniel Silvestre, seu advogado. Com isso, Arthur quebrou contratos de cerca de R$ 150 milhões e passou a ser acusado pela mãe de corrupção e má gerência. Em entrevista ao Domingo Espetacular, da Record, Arthur afirmou que vinha sendo enganado pela mãe. "Minha mãe assinou o contrato no meu nome. E quando eu fui analisar, era um contrato cheio de nuances... Eu percebi que estava sendo enganado", falou Arthur ao programa de TV.
Disputa entre mãe e filho vai parar na Justiça. Em 2023, Sônia tentou na Justiça tirar o filho da função e se tornar curadora de Anita. O pedido foi negado inicialmente e Sônia apresentou recurso, que ainda não foi julgado. Se Sônia ganhar o recurso, ela se torna herdeira de Anita e passa a ter parte da holding das Pernambucanas, representando Anita, que possui 48% das ações.
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