Bolsa sobe com ações da Petrobras acompanhando petróleo; dólar avança
Em meio à escalada dos conflitos no Oriente Médio, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta nesta segunda-feira (26), com o Ibovespa subindo 0,94% indo a 136.888. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), impulsionadas pelo aumento no preço do petróleo, foram o destaque. No entanto, uma elevação no valor dos combustíveis nas bombas ainda pode demorar a acontecer.
O dólar teve valorização de 0,23%. O dólar comercial foi a R$ 5,492 e o dólar turismo a 5,697 (venda).
O que aconteceu
No domingo, Israel disse que atacou "preventivamente" o sul do Líbano para frustrar uma ação do Hezbollah. O grupo islâmico libanês afirmou que conseguiu lançar centenas de foguetes e drones na direção de Israel, numa retaliação pela morte de um de seus líderes em julho.
Com isso, o preço do petróleo atingiu o pico máximo em uma semana. O barril do tipo Brent terminou o dia com elevação de 3,04%, a US$ 81,43 o barril. Além do conflito bélico envolvendo Israel, houve uma interrupção da produção e exportação de petróleo na Líbia, que vive uma disputa interna de poder.
E as ações da Petrobras sentiram o impacto. PETR3 e PETR4 puxaram o Ibovespa para cima, uma vez que seu peso no índice é de 11,86% do valor de mercado de todas as empresas da lista, segundo a Economatica. PETR3 fechou em alta de 42,92 8,96%, indo para R$ 42,92, enquanto PETR4 chegou a R$ 39,57, com ganho de 7,26%, conforme dados preliminares.
A alta vai fazer os combustíveis subirem de preço?
Os preços no Brasil estão defasados em relação à média global. A gasolina teria uma defasagem de 10% e o diesel estaria com preços iguais aos internacionais. O cálculo é de Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. O último ajuste no preço da gasolina feito pela Petrobras aconteceu em julho, quando a empresa subiu os valores em 7%.
Mas isso não quer dizer que haverá reajustes na bomba tão cedo. "Mesmo com o preço do petróleo flutuando, a Petrobras evita repassar esse sobe e desce para a bomba. Normalmente, ela espera um pouco para definir os preços. O último reajuste antes desse de julho havia sido, para a gasolina, em outubro de 2023 e para o diesel, em dezembro. Se essa tendência de aumento de preço continuar, pode haver, sim, uma pressão para que a Petrobras repasse preços, sobretudo para a gasolina", diz o especialista.
O que afetou o dólar
O dólar vinha caindo internacionalmente desde a fala do presidente do Fed na sexta-feira (23). Jerome Powell, líder do banco central dos EUA, o Federal Reserve, disse que chegou a hora de a política monetária dos Estados Unidos ser revisada. Ou seja, cortes nas taxas americanas vão ser feitos em setembro. Isso animou as Bolsas de todo o mundo e fez o dólar cair na maioria dos países.
Mas ao longo do dia a moeda americana inverteu o sinal e passou a subir. "O DXY, indicador que mede a variação do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, chegou a subir 0,22% no dia e operava em alta no final do pregão desta segunda", diz André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais.
No Brasil, o dólar teve alta por outros motivos. "O que influenciou o câmbio foi o tamanho do diferencial de juros no mundo", diz Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, empresa de ouro e câmbio. Ele se refere a operações de "carry trade", quando investidores pegam emprestado dinheiro no Japão, que tem as menores taxas do mundo, e investem em países que pagam juros altos, como o Brasil e o México.
O problema foi que o presidente do BC japonês, Kazuo Ueda, disse novamente na sexta que planeja continuar elevando o juro no país. Com isso, investidores desmontam operações de "carry trade": tiram dólares do Brasil para pagar os empréstimos no Japão, já que a rentabilidade da transação diminuiu. "Mas a valorização do minério e ferro na China (com alta de 3,45% no dia) e o aumento do petróleo Brent acabaram suavizando as perdas da moeda brasileira ao longo do dia", explica Galhardo.
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