BYD fará 'corpo a corpo' com Senado para livrar carro elétrico de imposto
O vice-presidente da BYD, Alexandre Baldy, afirmou ao UOL que a empresa fará um "corpo a corpo" com os senadores para tentar evitar que os carros elétricos continuem taxados pelo imposto seletivo na reforma tributária.
O que aconteceu
Proposta aprovada na Câmara incluiu os carros elétricos na tributação de bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Esse aumento da taxação foi apelidado de "imposto do pecado". Os veículos terão um imposto extra sobre o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que vai substituir o ICMS e ISS, e o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que vai representar o PIS, Cofins e IPI.
Modelos dos veículos vão diferenciar as alíquotas cobradas. O cálculo para definir a taxa vai considerar potência dos automóveis, eficiência energética, reciclabilidade de materiais, emissão de poluentes, processo de fabricação e categoria.
Nós vamos dialogar, temos que fazer realmente um trabalho árduo de diálogo, de corpo a corpo. É importante corpo a corpo. Nada mais forte e evidente do que o corpo a corpo, você visitar gabinete por gabinete para que você possa elucidar, esclarecer.
Alexandre Baldy, vice-presidente da BYD, sobre a estratégia da empresa
Crescimento de eletrificados pressionou setor de veículos à combustão, que teme perder espaço para nova tecnologia. Na avaliação de Baldy, existe muita desinformação sobre os carros elétricos. O vice-presidente da BYD disse que já esbarrou com senadores em aeroportos que o questionaram se a bateria do carro elétrico poderia explodir ou se o automóvel pega fogo. "No passado, a tecnologia era outra. Essa tecnologia, em dez anos, mudou demais, em dois anos, ela já mudou muito", afirma Baldy.
Baldy tem experiência no Congresso. O vice-presidente da BYD é ex-deputado federal (PP-GO) e ex-ministro das Cidades durante o governo Michel Temer (MDB). O empresário disse que está aberto a receber os senadores e para que eles conheçam a montadora chinesa.
Quero mostrar a nossa tecnologia, inovação, capacidade e transição energética, de que tanto se fala, mas pouco se aprofunda, para que se entenda, de fato, como é fabricada uma bateria.
Alexandre Baldy, vice-presidente da BYD
Senadores da Bahia devem apoiar montadora. A BYD assumiu a fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, em 2023. A chegada da fabricante chinesa foi comemorada pelos senadores do estado.
Otto Alencar garantiu incentivos fiscais para BYD na reforma tributária em 2023. Para corrigir um erro do filho, deputado Otto Alencar Filho (PSD-BA), que votou pela retirada da benesse em votação na Câmara, o senador apresentou uma emenda para incluir novamente na proposta o abatimento do IPI a montadoras de carros no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste até 2032. O trecho que beneficia a montadora chinesa estende a prorrogação dos benefícios para projetos "aprovados até 31 de dezembro de 2025 que ampliem ou reiniciem a produção em planta industrial utilizada em projetos ativos ou inativos aprovados até 31 de maio de 2023".
Relator quer mudanças no imposto seletivo
Imposto seletivo gradual para automóveis. O senador Eduardo Braga (MDB-PA) estuda a possibilidade de reduzir a cobrança sobre carros elétricos e híbridos, considerando que os modelos movidos a combustível têm um impacto ambiental maior.
Na avaliação de Braga, carros híbridos e elétricos não emitem a mesma quantidade de gás carbônico que um veículo a combustão. Nesse cenário, o senador avalia que uma possibilidade justa seria propor uma taxação diferente para cada modelo, de acordo com os malefícios que terão ao meio ambiente.
Braga ainda espera a nomeação oficial para começar a trabalhar no texto da regulamentação da reforma. O senador foi anunciado relator pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas ainda não foi indicado oficialmente. O parlamentar foi relator da PEC da reforma tributária em 2023 e espera a nomeação para estabelecer um plano de trabalho para a proposta.
Prazo para votação
O texto tramita em regime de urgência constitucional inserida pelo governo. Isso significa que precisa ser analisada pelos senadores em 45 dias. Braga esteve com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) para pedir a retirada do prazo. Isso é uma possibilidade para que o texto avance.
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Quero receberPeríodo eleitoral prejudica votação. Em entrevista, Braga afirmou que o calendário eleitoral pode impactar a velocidade da tramitação da reforma no Senado. "Estarão disputando as eleições de 2026 54 senadores e é natural que eles e os outros [políticos] estejam muito envolvidos na eleição municipal. Um tema como a regulamentação da reforma precisa ser bastante debatido", disse.
Votação fica para depois das eleições. O ministro sinalizou que a análise da regulamentação da reforma tributária começará entre novembro e dezembro. O texto precisa passar pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e depois vai para o plenário. A ideia é aprovar o texto ainda neste ano.
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