Bolsa bate novo recorde com Galípolo e Petrobras; dólar sobe
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta quarta-feira (28) em alta de 0,42%, batendo um novo recorde. O Ibovespa passou do patamar dos 137 mil pontos, com 137.343. Ajudaram a valorização das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e a confirmação do economista Gabriel Muricca Galípolo, 42, como o escolhido pelo governo federal para substituir Roberto Campos Neto no comando do BC (Banco Central).
O dólar se valorizou pelo terceiro dia consecutivo, com alta de 0,99%, cotado a R$ 5,556. O dólar turismo fechou valendo R$ 5,762.
O que aconteceu
Por volta das 15h, Galípolo foi confirmado como o indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o comando do BC. "A indicação oficial de Galípolo à presidência do BC não mexeu com a bolsa na medida em que o mercado já precificava esse fato", explica Felipe Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.
Mas mexeu com a curva de juros. Ela é uma projeção que expressa a taxa de juros média esperada para o futuro. "As curvas subiram na hora da indicação", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. Ou seja, o mercado acredita que Galípolo poderá aumentar a Selic para conter a inflação.
No passado, o mercado entendia que Galípolo sucumbiria às pressões do governo. "No entanto, a postura que o diretor adotou recentemente, seguindo as sinalizações mais duras de combate à inflação, reduziu essa percepção", diz Camila Abdelmalack economista chefe da Veedha Investimento.
A definição confirmada hoje também foi aprovada, pois traz mais previsibilidade. "Agora as ações dele vão ser muito mais monitoradas", diz Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos.
Petrobras
Mas o que mexeu mesmo com a Bolsa hoje foram as ações da Petrobras e o dólar. O Ibovespa abriu em baixa e só virou para o positivo por volta das 15h, quando as ações da petroleira começaram a subir. Com peso de quase 12% no índice, PETR4 subiu 1,54%, indo a R$ 39,64, e PETR3 teve elevação de 2,43%, chegando a R$ 43,36, conforme dados preliminares.
Já o dólar teve a terceira alta seguida desde segunda-feira em todo o mundo. "Depois da queda brusca que aconteceu na sexta-feira, os investidores fazem uma recompra de dólar e isso fortalece a moeda", diz Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais.
No Brasil, a moeda americana havia fechado em forte queda de 1,95% na sexta-feira (23). Isso aconteceu por conta do discurso de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), em que ele disse que chegou a hora de cortar os juros da economia americana, o que deve acontecer em setembro. Desde então, entretanto, a moeda passa por altas sucessivas de recuperação de valor.
Além disso, há uma preocupação no mundo pela demanda de petróleo. Os conflitos envolvendo Israel, o Líbano e também a situação da Líbia fazem os especialistas temer uma baixa na produção do óleo, mesmo com um arrefecimento da atividade econômica em vários países. "Isso também fortalece o dólar", diz Ariane. E ajudou a Petrobras a subir.
Outro dado que empurrou o Ibovespa para cima foi a criação de emprego. O Brasil abriu 188.021 vagas formais de trabalho em julho, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O total ficou um pouco abaixo da expectativa de economistas, que esperavam criação 190 mil vagas. Isso pode ser um bom sinal, já que o emprego em expansão é muitas vezes considerado um fator de pressão para a inflação, que já se aproxima do teto da meta.
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