Vestas quer zerar emissão de carbono até 2030 e reciclar 100% dos produtos

O presidente da Vestas na América Latina, Eduardo Ricotta, afirmou que a meta é ser uma empresa com zero emissão de carbono até 2030 e ter 100% dos produtos recicláveis até 2040. "Hoje, a gente está acima de 80%, mas quer chegar a 100%", diz. Ele foi convidado do "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial.

Em 2022, a Vestas foi eleita a empresa mais sustentável do mundo. O ranking é da Corporate Knights, um instituto de pesquisa canadense que mede o avanço do desenvolvimento sustentável. Considerando apenas o setor de energia, a Vestas ocupa o primeiro lugar de empresa mais sustentável por três anos seguidos.

A gente fica bem orgulhoso dessa premiação, porque são mais 6.000 empresas. Nós somos eleitos pela Corporate Knights, que é um prêmio dado em Davos [Suíça], e a Vestas ganhou em 2022 a empresa mais sustentável do mundo, não só pelos produtos que a gente está fazendo, mas pelo que a gente está fazendo dentro da empresa.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina

A Vestas, uma empresa dinamarquesa, é líder global em soluções de energia sustentável. É também a maior produtora de turbinas eólicas do mundo. Na América Latina, a empresa atua em 21 países, entre eles o Brasil, onde a companhia implantou uma fábrica própria de turbinas eólicas em 2012, em Aquiraz (CE). Mantém ainda outras oito fábricas associadas (Argentina, Brasil e México) e oito centros de serviços (Argentina, Brasil, Caribe, Chile, México e Uruguai).

Pás eólicas recicladas e menos desperdício

A fábrica em Aquiraz tem 3% de desperdício. "Hoje, por exemplo, na nossa fábrica em Aquiraz é 100% energia renovável e tem 3% de desperdício, ou seja, 97% do que entra na fábrica é utilizado. A questão do desperdício também é muito importante dentro dessas metas que a gente tem na empresa", declarou Ricotta.

A gente tinha uma dificuldade para a reciclagem da pá, que tem uma resina, que era muito difícil. Mas no ano passado a gente descobriu uma solução para reciclar as pás, não só as pás novas, mas as velhas também. Com isso, a gente está em um rumo forte para que em 2040 a gente tenha os nossos produtos recicláveis e que tenha o menor lixo possível também.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina

Alcançar a neutralidade de emissões de carbono

Na entrevista, Ricotta disse que a Vestas tem adotado medidas para zerar a emissão de carbono até 2030. Uma delas é ter uma frota 100% de carros elétricos. "Nós temos uma frota muito grande de carros, mas a gente quer ter 100% elétrico. Essa é uma ambição que a gente tem", afirmou. Outra medida é ter torres com 50% menos de emissão de CO2.

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É um trabalho que a gente faz internamente, mas também com os nossos fornecedores. Mas o que a empresa quer é atingir, em 2030, zero emissão de CO2 dentro do escopo Vestas.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina

Hidrogênio verde

Transformar a energia eólica em hidrogênio verde já é uma realidade. Ricotta disse, na entrevista, que esse é um movimento forte da própria indústria. Ele citou o exemplo da Maersk, companhia de logística, que hoje consome combustíveis fósseis nas embarcações. "Eles têm mais de 700 navios. E eles têm uma solução, ao longo dos próximos anos, para passar todos os navios para um combustível com menos emissão de carbono", disse Ricotta. Outro exemplo é de um cliente da Vestas que está desligando a planta de carvão e migrando para energia renovável.

A indústria empurra a transição energética. "O que é interessante é que a indústria está empurrando essa transição energética. A gente vê essa mudança forte nos nossos clientes. Eu acho que vai continuar muito forte nos próximos anos. E tenho certeza de que o Brasil está em uma posição espetacular para ajudar nessa transição energética", declarou.

A gente sabe que o aquecimento global está indo na direção errada. Ano passado foi o ano mais quente do planeta. Não podemos continuar desse jeito. A gente tem que fazer alguma coisa. E a descarbonização precisa ser feita.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina

Consumidor poderá contratar energia de uma eólica

No futuro, o consumidor brasileiro poderá decidir qual tipo de energia quer receber em casa. Na entrevista, Ricotta disse que isso já é possível em outras partes do mundo. "E aqui no Brasil não vai ser diferente", disse. Ele deu exemplo da Inglaterra, onde o consumidor escolhe de quem quer comprar energia. E é possível escolher comprar energia de fontes renováveis ou não.

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Ricotta diz que o setor vai passar por uma digitalização muito grande também. Será possível no futuro, diz ele, fazer a contratação da energia eólica pelo celular.

Melhor vento do mundo

Na entrevista, Ricotta disse que o Brasil é um dos melhores lugares do mundo para energia renovável. Segundo ele, atualmente, 7% de toda a produção de energia renovável do mundo está no país.

O Brasil vai ser um celeiro dessa transição energética, diz ele. "Porque aqui venta mais do que nos outros lugares do mundo", afirmou.

Nós estamos em 90 países, e a gente mede os ventos em 90 países. E eu posso te garantir com segurança que o Brasil tem o melhor vento do mundo.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina

Veja a entrevista completa

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