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Inflação sobe 0,44% em setembro, puxada por alta da conta de luz

Contas de luz ficam 5,36% mais caras com acionamento da bandeira vermelha Imagem: iStock

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo (SP)

09/10/2024 09h01

Após registrar a primeira queda de preços em 14 meses, a inflação brasileira ganhou força e saltou 0,44% em setembro, segundo dados apresentados nesta quarta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com a aceleração puxada pelo aumento das contas de energia elétrica, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) se reaproxima do teto da meta no acumulado em 12 meses.

O que aconteceu

Inflação nacional volta a ganhar força em setembro. A alta de de setembro representa a maior variação do IPCA para o mês desde 2021 (1,16%) e figura abaixo da expectativa para um avanço de 0,47%. No mesmo período do ano passado, a variação de preços ficou em 0,26%.

Alta reaproxima o índice de preços do teto da meta. Com a variação de setembro, a inflação acumulada em 12 meses avançou para 4,42%. O valor deixa o IPCA mais próximo da meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (de 1,5% a 4,5%).

Mercado prevê inflação em 4,3% ao final deste ano. Os analistas avaliam que o IPCA vai acumular alta de 4,38% nos 12 meses até dezembro e cumprir a meta. O percentual considera uma desaceleração do índice em outubro, com alta prevista de 0,35%, e uma nova perda de força em novembro (0,2%). Para dezembro, a variação estimada é de 0,47%.

Energia elétrica

Conta de luz foi o principal vilã do IPCA de setembro. A alta de 5,36% das tarifas de energia elétrica residencial é justificada pela adoção da bandeira vermelha, com acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) consumido. Em agosto, as contas haviam ficado 2,77% mais baratas com o uso da bandeira sem cobrança adicional.

A mudança de bandeira tarifária de verde em agosto, onde não havia cobrança adicional nas contas de luz, para vermelha patamar um, por causa do nível dos reservatórios, foi o principal motivo para essa alta.
André Almeida, gerente do IPCA

Alimentação

Preço dos alimentos volta a subir após dois meses de queda. O grupo de alimentação e bebidas registrou alta de 0,5% em setembro. A variação é influenciada principalmente pelo consumo em casa (0,56%).

Carne bovina e algumas frutas foram as principais altas. Foram observados aumentos significativos nos preços do mamão (10,34%), da laranja-pera (10,02%), do café moído (4,02%) e do contrafilé (3,79%).

A forte estiagem e o clima seco foram fatores que contribuíram para a diminuição da oferta [das carnes]. É importante lembrar que tivemos quedas observadas ao longo de quase todo o primeiro semestre de 2024, com alto número de abates. Agora, o período de entressafras está sendo intensificado pela questão climática.
André Almeida, gerente do IPCA

Alimentação fora de casa também ganhou força em setembro. A variação de 0,34% ficou próxima da apurada em agosto (0,33%). O resultado foi estimulado pela aceleração do preço do lanche, de 0,11% para 0,67%. No caso da refeição, a alta de 0,18% foi menor do que a do mês anterior (0,44%).

Outros grupos

Combustíveis ficaram 0,02% mais baratos. O resultado foi influenciado pelas quedas de preço da gasolina (-0,12%) e do óleo diesel (-0,11%). Por outro lado, o etanol (0,75%) e o gás veicular (0,03%) registraram alta.

Despesas pessoais marcam queda mais intensa do mês. A baixa de 0,31% foi influenciada pelo recuo de 8,75% do subitem cinema, teatro e concertos. Almeida observa que o movimento resulta da Semana do Cinema, que traz preços promocionais para os consumidores.

Veja a variação de cada um dos grupos

  • Habitação: +1,8%
  • Alimentação e bebidas: -0,5%
  • Saúde e cuidados pessoais: +0,46%
  • Vestuário: +0,18%
  • Educação: +0,05%
  • Transportes: +0,14%
  • Comunicação: -0,05%
  • Artigos de residência: -0,19%
  • Despesas pessoais: -0,31%

O que é o IPCA

A inflação oficial é calculado a partir de 377 produtos e serviços. A escolha pelos itens tem como base o consumo das famílias com rendimentos de um a 40 salários mínimos. O cálculo final considera um peso específico para cada um dos itens analisados pelo indicador.

O IPCA considera a evolução dos preços em nove grandes grupos. As análises consideram as variações apresentadas por itens das áreas de alimentação e bebidas, artigos residenciais, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário.

A análise mensal é realizada nos grandes centros urbanos do Brasil. Para isso, o IBGE considera as regiões metropolitanas de Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), além do Distrito Federal. Há ainda pesquisadores nos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

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