Dólar vai subir ou cair com Trump? Veja quando é melhor comprar a moeda
Do UOL, em São Paulo
06/11/2024 16h11
A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos mexeu com os mercados americano e internacionais. O dólar turismo chegou ao nível de R$ 6 na manhã desta quarta-feira (6).
O que aconteceu
Leve oscilação durante o dia. A moeda americana perdeu um pouco a força à tarde, mas segue se valorizando em todo o mundo, repetindo o movimento que os avanços de Trump nas pesquisas de intenção de voto vinham provocando nas últimas semanas.
Por volta das 16h, o dólar comercial, usado em transações entre empresas e principal referência da cotação da moeda americana no país, caía 1,14%, vendido a R$ 5,681. O dólar turismo estava cotado a R$ 5,942 na venda.
Dólar deve avançar nos próximos dias. As políticas protecionistas defendidas por Trump deverão continuar fazendo o dólar avançar, segundo especialistas. Como consequência dessa esperada alta, o Brasil tende a sofrer com mais inflação e novas altas das taxas de juros para tentar segurar os preços.
No exterior, a moeda americana tinha elevação ante outras divisas. Subia 1,8% contra o iene japonês, 2,1% contra o euro e 1,1% contra o dólar australiano.
O que pode mudar? O presidente eleito disse, durante a campanha eleitoral, que pretende fechar a economia com o aumento de impostos para a importação de diversos bens e serviços. Esse tipo de medida aumentaria o déficit fiscal norte-americano e elevaria as taxas de juros nos EUA.
Nas últimas semanas, a possibilidade de uma vitória de Trump fez a moeda americana se valorizar ante outras divisas. A hipótese de elevação dos juros — consequentemente, dos rendimentos da renda fixa americana — fez investidores se anteciparem e correrem para deixar seus países de origem e migrar para esse tipo de ativo nos EUA, em um movimento que requer a compra de dólares e pressiona as cotações da moeda.
Atual recorde nominal do dólar comercial ante o real foi alcançado na pandemia. A cotação de fechamento de R$ 5,90 da moeda norte-americana foi atingida em 13 de maio de 2020, período que marcava o início da crise sanitária.
O que pode afetar o Brasil
O dólar comercial pode atingir o patamar de R$ 6 até o final de 2024. Além dos rumos do governo Trump, as incertezas fiscais no Brasil podem contribuir para a moeda continuar subindo. O mercado espera desde o final da semana passada que o governo brasileiro divulgue mais detalhes do pacote de cortes de despesas do Orçamento de 2026.
Na segunda (4) e na terça (5), o presidente Lula (PT) se reuniu com ministros para discutir as medidas, mas ainda não divulgou nenhum plano. Têm participado das conversas o ministro Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos).
Ministro da Fazenda reconhece "apreensão" com as propostas de Trump. Haddad disse na manhã desta quarta (6) que "o dia amanheceu mais tenso no mundo" devido às declarações feitas pelo republicano durante a campanha. Ele, no entanto, afirmou esperar ponderação após o início do mandato presidencial.
As coisas às vezes não se traduzem da maneira como foram anunciadas e o discurso [de Trump] após os primeiros resultados já é mais moderado do que o da campanha. Nós temos que aguardar e cuidar da nossa casa, para o Brasil ser o menos afetado possível, apesar de qual seja o cenário externo.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Dólar alto é o começo de uma tendência de elevação dos juros e da inflação. Diante do cenário, os especialistas esperam uma preocupação maior do mercado financeiro com a política monetária para conter a inflação.
Valorização do dólar é sinônimo de preços mais altos no Brasil. A cotação da moeda norte-americana está diretamente relacionada ao preço das commodities, as matérias-primas com cotação internacional. Como consequência da alta do dólar, ficam mais caros produtos como o pão e o macarrão, fabricados a partir do trigo. Também pesa no bolso o encarecimento da gasolina, importada de outros países devido à capacidade de refino insuficiente para atender a demanda nacional pelo combustível.