'Não vejo as decisões de Trump prejudicando o Brasil', diz Meirelles

As políticas protecionistas que o presidente eleito Donald Trump anunciou durante sua campanha que adotaria nos Estados Unidos não prejudicarão o Brasil, segundo o ex-ministro da Economia e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

De acordo com ele, a força do mercado doméstico, combinada com exportações diversificadas, posiciona o país de forma resiliente diante das turbulências do comércio global.

A fala ocorreu durante o evento Lide Brasil Conferência, evento promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), UOL e Folha de S.Paulo em Lisboa, durante o terceiro painel intitulado "Investimentos: a nova economia brasileira e as oportunidades para investimentos". O encontro aconteceu nesta sexta-feira (15).

O que aconteceu

Restrições comerciais de Trump e oportunidades comerciais. Para o ex-ministro de Michel Temer, enquanto as novas taxações de importações que poderão ser impostas pelos Estados Unidos são vistas como um obstáculo para países exportadores, como o Brasil, essa medida pode revelar vantagens estratégicas, especialmente em setores como commodities.

O Brasil mantém um mercado interno robusto, com a indústria focada, principalmente, no consumo doméstico, assim o impacto direto das restrições impostas pelo governo Trump sobre o mercado brasileiro parece limitado.
Henrique Meirelles, Co-Chairman do Lide, foi ministro da Fazenda entre 2016 e 2018 e presidente do Banco Central (2003 - 2011)

Investimentos em infraestrutura e consumo são cruciais para o Brasil. Dessa forma, Meirelles afirmou no evento que mesmo sob políticas protecionistas globais, o Brasil encontra espaço para fortalecer sua economia internamente e que as exportações brasileiras diversificadas ajudam a mitigar riscos.

Europa e crescimento modesto

Europa enfrenta desafios para crescer economicamente. Segundo António Nogueira Leite, presidente do Conselho de Administração da Mapfre e ex-secretário de Estado do Tesouro e das Finanças de Portugal, que também esteve presente no evento, o crescimento esperado para a zona do euro em 2026 será modesto, com projeções entre 0,8% e 1,6%.

Continua após a publicidade

Alemanha tem papel central nesse cenário. Para ele, a crise econômica e política alemã impede avanços significativos. "O atual chanceler ainda não conseguiu realizar as reformas necessárias para impulsionar a economia de forma positiva", afirmou.

Portugal cresce mais que a média europeia. Apesar do ritmo lento, o país deve sustentar um crescimento próximo de 2% até 2026, segundo Nogueira Leite. Ele destacou que, embora esse número seja "medíocre" para economias em desenvolvimento como o Brasil, "é melhor do que o crescimento de muitos países da Europa".

Contexto europeu reforça a necessidade de reformas econômicas. Para Nogueira Leite, a estabilidade e o crescimento dependerão da capacidade de países-chave, como a Alemanha, de superar suas crises internas e implementar mudanças estruturais. "Sem reformas, a recuperação europeia será lenta e insuficiente", concluiu.

A discussão contou com Nuno Sampaio, secretário de Estado de negócios estrangeiros e cooperação de Portugal; Henrique Meirelles, Co-Chairman do Lide, foi ministro da Fazenda entre 2016 e 2018 e presidente do Banco Central (2003 - 2011); António Nogueira Leite, presidente do Conselho de Administração da Mapfre, foi secretário de Estado do Tesouro e das Finanças de Lisboa (1999-2000); João Kepler, CEO da Bossa Invest; Marcelo Bastos, fundador da Sizebay.

Siga UOL Economia no

Deixe seu comentário

Só para assinantes