Governo investe em campanhas e ações para recuperar o turismo gaúcho

A calamidade climática no Rio Grande do Sul impactou duramente o setor de turismo com regiões inteiras atingidas com as cheias, danos nas rodovias e a paralisação do aeroporto Salgado Filho.

Turismo contabiliza prejuízo

Os prejuízos foram altos. Segundo o Observatório de Turismo do Estado, 67% dos atrativos privados e 53% das atrações públicas foram diretamente afetadas. Além disso, 82% das empresas do setor tiveram suas operações reduzidas ou canceladas.

Perda de milhões. Na região das Hortênsias (Gramado, Canela, Nova Petrópolis, São Francisco de Paula e Picada Café), estima-se uma perda de R$ 550 milhões no turismo com a tragédia ambiental. Já uma sondagem de Meios de Hospedagem da Fecomércio-RS, por sua vez, apontou que 69,4% dos hotéis, motéis e pousadas reportaram perdas indiretas.

Campanha nacional de divulgação

O caminho para superar os danos econômicos do turismo não será fácil. Mas as soluções começam a aparecer. O primeiro passo foi dado pelo governo estadual, que lançou a Campanha Nacional de Turismo, considerada como a maior da história do Rio Grande do Sul.

Promoção do turismo pelo país. A campanha inclui uma série de iniciativas publicitárias que abrangem desde anúncios em aeroportos brasileiros a inserções de áudio e vídeo em mídias especializadas e em veículos de cobertura nacional. O aporte do governo é de R$ 30 milhões, com foco em promover a resiliência, a segurança e a atratividade do estado.

Agradecimento a solidariedade dos brasileiros. O mote é que, durante as enchentes, o Brasil abraçou o Rio Grande do Sul, em uma onda de solidariedade ao povo gaúcho jamais vista. No futuro, o Rio Grande do Sul abraça o Brasil em agradecimento, como um destino vibrante, atrativo e seguro.

Captação de novos públicos

Ronaldo Santini é o secretário de Turismo do RS
Ronaldo Santini é o secretário de Turismo do RS Imagem: Divulgação

Busca por turistas. Os esforços de recuperação do turismo gaúcho também estarão concentrados em captar clientes, participar de campanhas de promoção do destino regional e buscar oportunidades de redução de custos para aumentar a lucratividade.

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Cooperação entre países. Para tanto, a Secretaria de Turismo do RS participou nas últimas semanas de feiras do setor no Brasil, Uruguai e Argentina. Neste último, mais precisamente em Buenos Aires, o secretário da pasta, Ronaldo Santini, assinou um acordo de cooperação turística com a província de Missiones, localizada na fronteira entre os países. O convênio firmado visa a potencialização do fluxo turístico na fronteira, fortalecendo o turismo bilateral e gerando desenvolvimento na região.

Somos todos gaúchos, uma única nação, temos um rio que nos une, não que nos separa. Trata-se de um grande esforço que o governador, Eduardo Leite, vem fazendo para divulgar o nosso estado dentro e fora do Brasil.
Ronaldo Santini, secretário de Turismo do RS

Regiões interligadas

Capacitação de mão-de-obra. O grande desafio no momento, segundo o professor da Escola de Negócios da PUCRS Gustavo Inácio de Moraes, é a contratação de profissionais e voltar a treiná-los, pois muitos ficaram parados por meses depois das enchentes.

Novas atrações. "Precisamos também pensar em outros produtos, pois algumas marcas estão repetitivas, deixaram de ser novidade", diz Moraes. Na opinião do professor, o setor deveria pensar em alternativas além do inverno, com a serra e a região das Missões. "Precisamos de produtos substitutos que possam chamar a atenção em outras estações do ano."

Atividades para todas as estações do ano. Presidente da Abav-RS (Associação Brasileira de Agências de Viagens), João Augusto Machado confirma a existência de opções nas quatro estações do ano, com trilhas, cachoeiras e cânions. Até mesmo a maior tirolesa do mundo. "Temos um potencial gigante. Depois do agronegócio, podemos desenvolver outra força econômica importante", diz.

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No entanto, faltam pacotes turísticos. Machado reforça a falta de alternativas de pacotes turísticos que façam ligação entre as regiões e as cidades, "porque possuímos coisas interessantes, porém isoladas. O setor, incluindo hotéis e restaurantes, por exemplo, precisam se unir. Também precisamos de um grande centro de eventos, aproveitando a nossa localização geográfica", afirma.

Organização e melhorias

Turismo é um dos pilares da economia do estado. Um dos pilares da economia do Rio Grande do Sul, o setor de turismo é responsável por uma parcela significativa do PIB (Produto Interno Bruto) estadual. Somente em 2022, o setor representou cerca de 4% do PIB gaúcho, com impacto em setores como hotelaria, gastronomia e comércio.

O estado já retoma a normalidade com estradas e aeroporto funcionando. Com cerca de 80% da capacidade operacional, o aeroporto Salgado Filho, principal eixo do transporte aéreo da região Sul, retomou a operação de voos no dia 21 de outubro. Para novembro, a expectativa é que o terminal passe a operar mais de 122 voos diários, transportando cerca de 16 mil viajantes.

Com a reabertura do Salgado Filho, a procura por voos e a ocupação de hotéis nas cidades gaúchas devem dobrar. A previsão é que o setor de turismo passe a operar em sua capacidade máxima até o final do primeiro trimestre de 2025.

Números das perdas no turismo com as enchentes:

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67% dos atrativos privados e 53% das atrações públicas foram diretamente afetadas.

Além disso, 82% das empresas do setor tiveram suas operações reduzidas ou canceladas.

Na região das Hortênsias (Gramado, Canela, Nova Petrópolis, São Francisco de Paula e Picada Café), a perda foi de R$ 550 milhões.

Segundo pesquisa da Setur-RS, em parceria com a UCS (Universidade de Caxias do Sul), dois em cada três (65,6%) eventos turísticos do estado foram afetados pelas enchentes de maio.

Os dados apontam que foram danificados 73,1% dos atrativos turísticos privados e 55,5% dos públicos.

Em meio aos danos, 41,4% dos municípios gaúchos tiveram hotéis danificados, 50,2% tiveram a rede gastronômica afetada e 71,2% tiveram danos em vias de circulação de visitantes.

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