'Bancos brasileiros são pioneiros e exportam tecnologia', diz Febraban

O presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Isaac Sidney, afirmou nesta sexta-feira (15) que as instituições financeiras nacionais são inovadoras e exportam tecnologia para o mundo. A manifestação aconteceu durante participação de Sidney no LIDE Brazil Conference Lisboa, evento promovido pelo Lide, UOL e Folha de S.Paulo que reúne líderes políticos, empresariais, além de investidores, em Lisboa, Portugal.

O que aconteceu

Investimento em inovação é espelho para o mundo. Segundo Sidney, o setor bancário dobrou o volume dos aportes tecnológicos nos últimos anos e se aproxima de R$ 50 bilhões em 2024 em áreas cruciais, como exploração de dados, segurança cibernética, experiência do cliente. "Os bancos brasileiros são globalmente reconhecidos pelos serviços e pelos canais digitais", disse.

Nessa nova era da bancária, os bancos brasileiros exportam tecnologia. Basta a gente entender e ver o que acontece com o Pix.
Isaac Sidney, presidente da Febraban

Novidades brasileiras são exemplo para outros países. Sandra Utsumi, diretora-executiva do Haitong Bank, afirma que Banco de Portugal criou um outro mecanismo semelhante ao Pix para aperfeiçoar os meios de pagamento. Ela explica a possibilidade de integração entre Brasil e Portugal para ampliar a inclusão financeira.

O Brasil, com a necessidade de acesso a serviços financeiros, utilizou de diversos mecanismos para que as pessoas não necessitem carregar dinheiro nos seus bolsos.
Sandra Utsumi, diretora-executiva do Haitong Bank

Setor bancário superou três crises nos últimos 30 anos. Sidney cita a elaboração do Plano Real, em 1994, a crise financeira global de 2008 e a pandemia de Covid-19 como importantes testes enfrentados pelas instituições financeiras. "Apesar de desafiadores, esses momentos foram chave para forjar e testar o fortalecimento e a solidez do nosso setor bancário", afirmou.

Inclusão bancária dos brasileiros ainda é entrave. Utsumi reconhece o Brasil como um dos países emergentes mais bancarizados do mundo, com 86% da população, mas diz ainda haver espaço para ampliar a inclusão financeira em meio aos avanços tecnológicos. "O interessante seria, à medida que a população avança do ponto de vista financeiro, ter mais acesso aos serviços bancários", avalia ela.

Expansão do ambiente virtual pode justificar situação. Luiz Fernando Furlan. chairman do Lide, avalia que o acesso à internet ainda indisponível em regiões do Brasil e a preferência de parte dos consumidores pelo dinheiro físico inibem o acesso aos bancos. "Portugal, com 100% de cobertura digital, não tem essa desvantagem", observa Furlan.

Presidente da Febraban destacou o papel do setor na pandemia. Sidney ressalta que as instituições, após serem "testadas no limite do limite" e mostrarem resiliência com as "provas de fogo" anteriores, conseguiram desempenhar um papel relevante na pandemia. "Não foi fácil, alguns bancos ficaram aí no meio do caminho, mas nós consolidamos uma história bancária que não deve nada ao mundo", reforça ele ao recordar a injeção de R$ 15 trilhões do setor na economia.

Continua após a publicidade

Bancos também cobram corte de gastos. Durante sua exposição, o presidente da Febraban também destacou a importância das medidas fiscais para melhorar o desenvolvimento econômico. "O bom ambiente de negócio depende de um ambiente macroeconômico estável e de um quadro fiscal também equilibrado", afirmou.

Existem formas corretas de crescimento duradouro e a direção do Brasil está correta, mas nós precisamos imprimir um mais forte ritmo na contenção dos gastos públicos.
Isaac Sidney, presidente da Febraban

Regulamentação

Eleição de Donald Trump nos EUA pode mudar ambiente bancário. Utsumi avalia que as propostas de campanha defendidas por Trump abrem espaço para mudanças, com planos de desregulamentação bancária e maior adoção de criptomoedas. "Na contramão, temos uma Europa cada vez mais rigorosa com essa questão da supervisão dos fluxos financeiros, principalmente por conta da guerra na Ucrânia", observa ela;

É inevitável que haja realmente nessa digitalização uma ampliação dos serviços digitais de criptomoedas, mas esse desafio entre regiões e regulamentações, como essas transações vão ser efetivadas.
Sandra Utsumi, diretora-executiva do Haitong Bank

Desafios serão recorrentes com as medidas, prevê Utsumi. "para o mercado financeiro, para o mercado bancário, vai ser um período em que vamos trabalhar muito mais com as áreas de compliance, com os bancos centrais em relação a como facilitar o fluxo sem romper com aquilo que é a segurança dos sistemas de pagamento e de investimento no mundo", reconhece a diretora-executiva do Haitong Bank.

Continua após a publicidade

"Questões de protecionismo nunca acabaram bem", diz vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal. Na avaliação de Jorge Henriques as defesas de Trump criam barreiras e inibem o desenvolvimento regional de algumas regiões. "Hoje, a Europa sofre as consequências do que fez durante duas décadas, que foi de deslocar toda a sua produção industrial para uma região concreta, deixando de produzir localmente, mas também de se relacionar com outras geografias", afirma Henriques.

Siga UOL Economia no

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.