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Banco Central não vai segurar dólar 'no peito', diz Galípolo

Gabriel Galípolo, que será presidente do BC a partir de janeiro Imagem: Lula Marques/ Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

02/12/2024 12h46

O diretor de política monetária do Banco Central e futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a autoridade monetária não vai segurar o câmbio "no peito" e que o câmbio flutuante é um dos pilares da matriz econômica. O dólar chegou à marca dos R$ 6 nos últimos dias. Galípolo falou em evento da XP para investidores.

O que ele disse

Câmbio flutuante é pilar para a economia, disse. Ao falar sobre a possibilidade de o BC atuar para conter a desvalorização da moeda brasileira, Galípolo disse que o câmbio flutuante "é um dos pilares da nossa matriz econômica" e "está cumprindo muito bem seu papel". "Seguimos atuando só quando há disfuncionalidade", disse

BC não vai segurar o dólar "no peito", disse. Galípolo afirmou que as discussões sobre a possibilidade de o BC atuar sobre o dólar às vezes vão surgir. "Tem R$ 370 bilhões de reserva, por que não segura no peito? Mas quem está no mercado sabe que não é assim que funciona", disse.

Pode haver atuação do BC devido a movimento sazonal. Ele sinalizou que há a possibilidade de uma atuação do BC no câmbio no final do ano, devido a um movimento sazonal de envio de dividendos para fora do país.

Economia está mais dinâmica do que se imaginava. Galípolo disse que as projeções sobre endividamento do governo não mudaram tanto quanto as projeções para inflação e juros. Para ele, isso pode ser consequência de uma situação de mais dinheiro na mão das pessoas, e menos devido a um maior endividamento público.

Talvez a surpresa se dê menos numa despesa adicional que surgiu no caminho, de que o governo passou a gastar mais, e mais porque a economia esteja se mostrando mais dinâmica do que se imaginava. Talvez a progressividade da política fiscal praticada esse ano, colocou mais dinheiro na mão das pessoas e isso levou a um dinamismo superior ao que se imaginava.
Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central

Cenário do país demandou "juros mais altos por mais tempo". O diretor disse ainda que o cenário atual do país pediu uma política monetária mais contracionista, o que levou o BC a elevar os juros.

Parece lógico que, para uma economia mais dinâmica do que se esperava, desemprego na mínima da série histórica, somada a uma moeda mais desvalorizada, que isso demanda uma política mais contracionistas, juros mais altos por mais tempo. É em cima desse cenário que o BC foi caminhando de um corte, para uma pausa e um ciclo de alta de juros que iniciamos nas duas últimas reuniões.
Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central

Situação econômica atual é "desafio para uma geração". Para Galípolo, o fato de o Brasil ter juros de 11,25% em uma situação de pleno emprego é algo que não se resolve com uma reunião do Copom, mas sim um "desafio para uma geração". Segundo ele, a perspectiva de desaceleração da economia "tem sido frustrada sistematicamente". "Todos nós temos sido surpreendidos e isso passa por um desafio de uma geração", diz.

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