Salto: Governo mostra compromisso com meta fiscal, mas precisa fazer mais
Do UOL, em São Paulo
04/12/2024 19h24
O governo Lula mostra compromisso com meta fiscal, mas será preciso fazer mais para resolver o problema, segundo análise feita pelo colunista Felipe Salto no UOL News, do Canal UOL, nesta quarta-feira (4).
A minha visão nesse momento é que o governo vai precisar fazer mais. Infelizmente, a dose de antibiótico que não resolveu o problema aí ele continua soando, pelo menos do ponto de vista das variáveis como dólar e o juro futuro ainda muito grande para esse problema fiscal.
Felipe Salto, colunista do UOL
O dólar registrou a segunda queda seguida, nesta quarta-feira (4), depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer que o governo vai cumprir a meta fiscal para 2024 e 2025. O dólar comercial fechou o dia em queda de 0,13%, vendido a R$ 6,048. O turismo caiu 0,33%, para R$ 6,276.
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De fato, houve uma redução de temperatura. Talvez de 40ºC para 39ºC, mas as coisas ainda estão complicadas para o lado do governo. Essas declarações que foram dadas hoje pelo ministro Haddad, o ministro Barroso [do STF] e também o presidente [da Câmara dos Deputados], Arthur Lira, foram positivas, na direção de que o governo está comprometido com as metas, de que busca cumprir eventualmente até o centro da meta, como disse o secretário do Tesouro, Rogério Ceron.
Mas é preciso provar que isso pode acontecer mesmo. O quadro ainda é muito intrincado. Eu estou entre aqueles que avaliam que o pacote anunciado é positivo, porque mexe nas válvulas corretas. Um governo de esquerda mexendo o salário mínimo não é pouca coisa. A questão do abono salarial, das emendas parlamentares, do Fundeb, da previdência dos militares, novos gatilhos introduzidos no arcabouço fiscal. Então, mexe nas questões corretas, mas o ajuste produzido é insuficiente. E a questão de renda, daquele aumento da faixa de isenção para 5 mil reais também.
Felipe Salto, colunista do UOL
Declaração de Haddad e reações do mercado
Há uma semana, o governo brasileiro divulgou um pacote de medidas para diminuir seus gastos em R$ 70 bilhões em dois anos. O pacote desagradou os investidores, que acharam o montante insuficiente para reequilibrar as finanças públicas. A ideia de anunciar, ao mesmo tempo, a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês também caiu mal no mercado.
O pronunciamento de Haddad também animou os investidores da Bolsa, que chegou a subir mais de 0,43%, por volta das 14h. Mas a notícia da troca de comando no conselho da petroleira esfriou os ânimos. O temor é de ingerência do governo na estatal.
Novo IR cobra 10% de R$ 1,2 milhão e 4% de R$ 750 mil
A reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo Lula impõe cobrança de 10% a quem ganha R$ 1,2 milhão por ano ou mais. Quem ganha até R$ 600 mil/ano está fora dessa cobrança adicional. A alíquota extra foi criada para compensar a perda de R$ 35 bilhões de arrecadação com a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil, também proposta pelo governo.
Ambas as propostas — a isenção estendida e a alíquota adicional — precisam ser aprovadas pelo Congresso em 2025 para que possam valer a partir de 2026. Antes, porém, Câmara e Senado devem aprovar as medidas apresentadas pelo ministro Fernando Haddad: o corte de despesas governamentais.
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