Rubens Ometto, da Cosan, culpa economia e juros por saída da Vale: 'Dói'
O grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto, liquidou sua participação na Vale. A empresa de Ometto tinha 4,05% da mineradora e arrecadou cerca de R$ 9 bilhões com a venda de 173 milhões de ações em leilão na B3, a Bolsa de Valores brasileira, nesta quinta-feira (16).
A Cosan fez empréstimos com Bradesco e Itaú para adquirir um volume de até 6,5% dos papéis da mineradora em 2022 em uma operação de mais de R$ 20 bilhões. No dia da operação, em outubro de 2022, a ação da Vale estava cotada a R$ 60,30. Na quarta (15), fechou a R$ 52,60.
A aposta na Vale foi considerada arriscada pelo mercado e trouxe peso às dívidas da Cosan. Com a perspectiva de que a taxa básica de juros brasileira continue subindo nos próximos meses — a Selic está hoje em 12,25% ao ano —, o grupo de Ometto quer ficar mais leve.
Em entrevista ao UOL, Ometto disse que é sofrido ter que se desfazer dos ativos, mas que precisou tomar uma "decisão técnica".
Dói, porque eu sou empreendedor. Meus planos para a empresa eram outros. Mas a economia do país mudou muito, com esses juros todos. Então, você tem de ser pragmático. Eu sou engenheiro. Faço contas. Os juros que você paga para carregar a posição são maiores do que os dividendos que você recebe. Então, a gente achou tecnicamente mais recomendável [vender a participação]."
Rubens Ometto
Com uma cadeira no conselho de administração da empresa, a Cosan passou a pautar o debate na mineradora. Viu naufragar a tentativa de venda de um terminal de uso privado, em São Luís, no Maranhão, para a Vale; tentou indicar Luís Henrique Guimarães, ex-presidente da Cosan e conselheiro da Vale, como possível sucessor de Eduardo Bartolomeo na mineradora, mas conseguiu barrar a indicação do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, na companhia.
Gostei muito de ter ficado na Vale. Gosto muito da empresa. Acho que a gente teria muito a contribuir ainda, mas o que tem que ser feito, tem que ser feito. A gente precisa ser pragmático. Quem fica chateado é namorado, homem de negócios não. É assim como a gente pensa.
Rubens Ometto
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