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Dilma condiciona recursos para FMI a mudança em cotas

14/10/2011 17h01

A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (14) que os países emergentes exigem mudanças no Fundo Monetário Internacional (FMI) para colocarem mais recursos no organismo, que pode desempenhar papel importante na contenção da crise da dívida na zona do euro.

"Os países emergentes podem ser chamados a contribuir ampliando o capital do Fundo, mas para fazer isso exigem uma ampliação das cotas e, portanto, da participação na direção do Fundo", disse a presidente a jornalistas em Porto Alegre após participar de cerimônia de assinatura do PAC da Mobilidade Urbana na capital gaúcha.

"No que se refere ao Fundo Monetário, há uma discussão de todos os países, principalmente dos emergentes, que constatam o seguinte: a composição, a direção e a participação no Fundo Monetário dizem respeito a uma realidade pós Segunda Mundial. Essa realidade desapareceu", avaliou.

Mais cedo, em outra cerimônia na cidade, a presidente já havia acenado com a possibilidade de o Brasil aumentar sua participação no FMI.

"Hoje nós temos recursos aplicados no Fundo Monetário. Possivelmente, inclusive, nós iremos ter uma maior participação", disse a presidente.

Ministros das Finanças do G20 reunidos em Paris neste fim de semana discutem propostas para dobrar o capital do FMI como forma de ajudar a Europa. O plano, contudo, enfrenta resistência dos Estados Unidos, que afirmaram que os recursos já disponíveis no Fundo seriam suficientes.

Os ministros preparam terreno para a reunião dos presidentes do grupo no mês que vem, que deverá ser dominada pela crise da zona do euro e como evitar um contágio maior.

Dilma voltou a criticar, durante seu discurso pela manhã, as medidas impostas pelo FMI quando o Brasil precisou recorrer aos recursos do Fundo e que, segundo ela, impossibilitaram o país de crescer.

A presidente afirmou que a virada se deu quando "nos livramos dele" ao pagar a dívida com a instituição, e afirmou que não aceitará que as mesmas exigências sejam impostas a outros países que necessitem de auxílio do Fundo.

"Jamais aceitaremos, como participantes do Fundo Monetário, que certos critérios que nos impuseram sejam impostos a outros países", disse.

A presidente declarou também que o Brasil tem capacidade maior de lidar com as turbulências. Ela ressaltou o mercado interno como uma das armas ante as dificuldades externas, mas disse que a redução do consumo em todo o mundo atinge o país.

"Nós não somos uma ilha, de uma forma ou de outra nós somos atingidos pela crise através da redução do consumo em todas as regiões do planeta".

"Nós iremos resistir equilibrando o nosso crescimento", disse ela, que tem se mostrado contrária à adoção de políticas fiscais consideradas recessivas.