Odebrecht busca acelerar acordos na América Latina para vender ativos, dizem fontes
SÃO PAULO, 22 Fev (Reuters) - A Odebrecht quer negociar multas e acordos de leniência relacionados às investigações sobre corrupção com vários países da América Latina até junho, o que ajudaria o conglomerado brasileiro de engenharia a evitar uma negociação em meio ao período eleitoral em toda a região, que poderia atrasar as planejadas vendas de ativos, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto.
De acordo com essas fontes, a Odebrecht espera vender cerca de R$ 6,5 bilhões em participações, licenças de exploração na região e em Angola até o fim do ano. A Odebrecht já vendeu cerca de R$ 5 bilhões em ativos de uma meta fixada no ano passado de R$ 12 bilhões.
A evolução das vendas de ativos ainda pendentes dependerá da rapidez com que os governos regionais decidam as multas e penalidades para a Odebrecht, que admitiu pagar suborno para ganhar projetos em anos recentes. Procuradores de 10 países da América Latina criaram uma força-tarefa para compartilhar evidências sobre o funcionamento do esquema.
Vários desinvestimentos planejados, como o do projeto de mineração de Catoca, em Angola, e uma participação de 28% na hidrelétrica Santo Antônio podem ser finalizados no final deste ano, disseram as fontes. A venda do Gasoducto Sur Peruano demorará mais tempo, citaram as fontes, após a decisão do governo do Peru de retomar a concessão do gasoduto e realizar novo leilão.
A resolução de litígios nesses países o mais rapidamente possível é fundamental para ajudar a Odebrecht a acelerar a venda dos ativos e evitar a coincidência das discussões com as campanhas eleitorais na região. Dos 10 países que investigam a Odebrecht, oito contarão com pelo menos uma eleição presidencial, no Congresso ou estadual nos 18 meses até dezembro de 2018.
Além do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru, República Dominicana, Venezuela e Panamá estão investigando o esquema da Odebrecht.
O conglomerado sediado em Salvador não quis comentar. As fontes pediram anonimato por causa da sensibilidade do assunto.
A Odebrecht é a maior entre as empreiteiras brasileiras acusadas de conluio para superfaturar contratos da Petrobras e outras empresas estatais, e então usar parte disso em doações e propinas para aliados políticos domésticos e no exterior.
Linha de crédito
O escândalo de corrupção provocou tormenta política em países como Peru, onde as autoridades estão buscando a prisão do ex-presidente Alejandro Toledo, ou na Colômbia, onde a empresa está sendo acusada de financiar a campanha do presidente Juan Manuel Santos.
Uma rápida resolução das pendências jurídicas na região também é chave para a Odebrecht conquistar novos projetos e levantar recursos para reduzir os 76 bilhões de reais em dívida líquida consolidada do grupo.
Em dezembro, a companhia e a sua subsidiária petroquímica Braskem chegaram a um acordo com autoridades no Brasil, Estados Unidos e Suíça, com uma multa de 3,5 bilhões de dólares. Sob os termos do acordo, a Odebrecht admitiu pagar subornos para autoridades em 12 países, a maioria na América Latina, para ajudar a assegurar contratos lucrativos.
O acordo rápido com as autoridades desses países já está rendendo frutos. Nesta semana, o projeto de metrô no Panamá liderado pela Odebrecht obteve uma linha de crédito de US$ 1,8 bilhão com dois bancos europeus, que resolveram conceder os recursos depois da assinatura dos acordos de leniência nos Estados Unidos, Suíça e Brasil, disse uma fonte a par do assunto. Segundo uma outra fonte informada do assunto, um dos bancos é o suíço UBS AG UBS.N. O banco sediado em Zurique não comentou o assunto.
Para enfrentar as consequências do escândalo e uma desaceleração econômica em toda a América Latina, a Odebrecht também reduziu os custos e renegociou suas dívidas em algumas subsidiárias.
De acordo com uma das fontes, conversas com os credores para reestruturar as dívidas da unidade Odebrecht Óleo & Gás podem ser concluídas já no próximo mês.
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