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Kroton adota política de renegociações mais flexível, mas segue conservadora sobre inadimplência

22/03/2017 15h13

Por Gabriela Mello

SÃO PAULO (Reuters) - A Kroton Educacional passou a adotar uma política de renegociações mais flexível em meio à deterioração da economia, mas deve manter provisões conservadoras para inadimplência, disse nesta quarta-feira Frederico Brito e Abreu, diretor financeiro da empresa.

"Continuamos confortáveis com nosso critério de indicadores de provisionamento de inadimplência, apesar do cenário macro desafiador", disse o executivo em teleconferência com analistas e investidores sobre o desempenho da Kroton no quarto trimestre de 2016.

Entre outubro e dezembro do ano passado, a provisão para crédito de liquidação duvidosa, excluindo alunos de Fies e do financiamento disponibilizado pela própria Kroton (PEP), ficou em 7,4 por cento, acima dos 6,4 por cento do quarto trimestre de 2015.

Só no segmento EAD, as contas a receber aumentaram 22,8 por cento na comparação anual, dado o aumento da base de alunos geradora de recebíveis e do prazo médio de pagamento em meio à crise. Em educação básica, a alta foi de 44,7 por cento, enquanto o ensino superior presencial apresentou ligeiro recuo de 0,5 por cento.

Abreu destacou que a Kroton segue comprometida com a redução de despesas, mas que isso não deve comprometer os investimentos planejados pela companhia para ganho de eficiência e melhora na qualidade de ensino.

Em 2016, a Kroton investiu 356,8 milhões de reais, ou 8 por cento da receita líquida, cumprindo meta estabelecida no início do ano. Para 2017, o plano inclui 192 projetos já em andamento para agregar valor ao negócio.

Entre eles, o presidente Rodrigo Galindo destacou o modelo acadêmico KLS 2.0. A meta, segundo ele, é acelerar a produção de conteúdo de 282 para até 499 disciplinas até o fim do ano.

"Nós estamos confiantes de que o KLS 2.0 vai melhorar a qualidade e já temos indício de resultados", disse Galindo. De acordo com ele, a empresa criou um exame para estudantes a partir do quarto semestre com nível de exigência similar ao do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) que já sinaliza melhora.

Outra iniciativa citada pelo presidente foi o Canal Conecta, plataforma desenvolvida para elevar a empregabilidade dos alunos.

Às 14:59, as ações da Kroton exibiam queda de 3,3 por cento, enquanto as da rival e futura parceira Estácio tinham perda de 1,9 por cento.

As empresas tentam obter aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para uma fusão, mas a operação tem passado por ruídos que incluem revelação de emails em que o presidente da Estácio, Pedro Thompson, discutiu com advogados formas para o fracasso da transação.

Na teleconferência, os executivos da Kroton evitaram comentar o assunto da fusão com os analistas e investidores.

Na semana passada, a Estácio também divulgou resultado de quarto trimestre, com lucro líquido 124 milhões de reais apoiado por aumento das receitas e contenção de gastos. Entre os destaques, a empresa apurou aumento de 9,3 por cento no valor médio de mensalidade (tíquete médio) entre outubro e dezembro, próximo à alta de 10,4 por cento informada pela Kroton nesta quarta-feira.