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BNP Paribas Cardif prevê que sinistros parem de subir em 2017

24/04/2017 20h03

Por Aluísio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - A seguradora BNP Paribas Cardif, especializada em produtos de varejo como seguro prestamista e de garantia estendida, vai se concentrar em nichos de mercado de alto crescimento e no controle de custos para fazer frente a maiores despesas com indenizações a clientes e manter resultados equilibrados no Brasil, apesar da recessão no país, disse o principal executivo da empresa no país.

Após a filial da seguradora francesa no Brasil acumular nos últimos três anos um aumento total de cerca de 60 por cento no volume de indenizações pagas, a chamada sinistralidade, a esperança é de que essa linha ao menos se estabilize e comece a cair em 2018, disse à Reuters o presidente-executivo da BNP Paribas Cardif no Brasil, Adriano Romano.

Apesar do segundo ano seguido de recessão no país, a companhia fechou 2016 com volume de prêmios emitidos de 1,87 bilhão de reais, crescimento de 8 por cento sobre o ano anterior. E o lucro antes de impostos e participações cresceu 9 por cento, para 278 milhões de reais.

Segundo Romano, os destaques positivos foram os produtos de proteção financeira e garantia estendida, que representam cerca de 80 por cento do resultado da companhia. O prestamista, seguro que livra o cliente de pagar prestações no caso de imprevistos como desemprego, responde por metade das receitas do grupo.

"O aumento do desemprego também fez crescer a preocupação das pessoas com proteção de patrimônio e nosso resultado refletiu isso", disse Romano.

A BNP Paribas Cardif distribui seus seguros massificados por meio de parcerias com redes varejistas, como o Magazine Luiza

Para o executivo, embora o volume de vendas do varejo tenha caído nos últimos dois anos, a seguradora conseguiu fazer com que uma fatia maior das vendas realizadas incluísse o seguro.

Além disso, a companhia realinhou preços mais depressa do que algumas competidoras, o que permitiu que tivesse aumento do lucro, mesmo com maiores despesas com indenizações pagas, disse o executivo.

"Nós também tivemos que ser muito rigorosos com o controle de despesas e, pelo jeito, vamos ter que continuar assim este ano", disse Romano.

Segundo o executivo, embora perceba sinais de que a queda nas vendas de produtos como eletrodomésticos e veículos tenha parado de cair no país no início de 2017, ele ainda não está otimista. Entre outros motivos porque, mesmo com um aumento do volume de prêmios emitidos, os desembolsos com sinistros devem seguir elevados.

Em outra frente, as receitas financeiras da seguradora tendem a ser menores neste ano, dada a queda da Selic, que pode cair para um dígito até o fim do ano, após ter ficado em 14,25 por cento ao ano na maior parte de 2016.

A Selic é uma referência de rentabilidade dos investimentos das seguradoras, grandemente concentrados em títulos públicos. No caso da BNP Paribas Cardif, a receita financeira responde por cerca de um terço do resultado. Para especialistas, isso deve levar as seguradoras a recompor preços das apólices, especialmente em produtos como o seguro automotivo.

Entre os nichos que a BNP Paribas Cardif vê com maior potencial de crescimento em 2017 está o seguro de aluguel, com base na premissa de que o mercado imobiliário no país deve crescer de 5 a 10 por cento em 2017, segundo dados do Secovi-SP.

A BNP Paribas Cardif também pretende ampliar as vendas de garantia estendida para carros usados, com cobertura para equipamentos como motor e câmbio, além do seguro para motocicletas.