Bovespa opera sem viés claro com cautela por cenário político
Por Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista oscilava entre leves altas e baixas nesta sexta-feira, após recuperar os 61 mil pontos na véspera, mas com o cenário político ainda conturbado comprometendo uma tomada de fôlego mais significativa.
A sessão era marcada também por um cenário levemente negativo para o setor de carnes, após os Estados Unidos suspenderem a importação de carne in natura do Brasil, o que ajudava a tirar força do mercado acionário.
Às 12:13, o Ibovespa subia 0,07 por cento, a 61.312 pontos. O giro financeiro era de 2,08 bilhões de reais.
O quadro político voltou ao centro das atenções dos agentes de mercado desde a divulgação, em meados do mês passado, de conversa entre um dos sócios da JBS e o presidente Michel Temer, especialmente devido a receios sobre os impactos no andamento das reformas no Congresso Nacional.
Na véspera, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que é válida a homologação do acordo de delação premiada de executivos da J&F, holding que controla a JBS, feita pelo ministro Edson Fachin, e também votaram pela manutenção de Fachin na relatoria do caso. O julgamento será retomado na próxima quarta-feira.
Também na véspera, o ministro Fachin enviou ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, uma cópia do inquérito que investiga Temer. A partir do seu recebimento, Janot terá cinco dias para denunciá-lo ou pedir o arquivamento da investigação.
"O clima político ainda inspira cautela", escreveram analistas da corretora Lerosa Investimento. "O mercado acionário ainda não encontra argumentos para grandes recuperações".
DESTAQUES
- JBS ON caía 2,21 por cento e MARFRIG ON tinha baixa de 0,75 por cento, enquanto MINERVA ON, que não faz parte do Ibovespa, tinha variação positiva de 0,25 por cento. Como pano de fundo estava a decisão dos Estados Unidos de suspender a importação de carne bovina in natura do Brasil. Para a equipe do BTG Pactual, a medida passa uma mensagem ruim, mas o impacto nos papéis deve ser contido.
- ELETROBRAS ON recuava 3,09 por cento e ELETROBRAS PNB perdia 1,21 por cento, após as altas expressivas da véspera, que foram impulsionadas pelo anúncio da empresa de que deverá cortar quase 50 por cento de seu quadro de funcionários. Nesta sessão, operadores tinham no radar os comentários do presidente do grupo Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, que teria dito em conversa com os empregados que 40 por cento dos funcionários da empresa são "inúteis", segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.
- ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES ON perdia 0,99 por cento, em dia de grande volatilidade, tendo oscilado até o momento entre queda de 4 por cento e alta de mais de 5 por cento, em meio às especulações sobre a possível rejeição da fusão com a KROTON pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). As ações da Kroton, no entanto, mantinham o tom positivo e subiam 0,95 por cento.
- PETROBRAS PN operava estável e PETROBRAS ON recuava 0,23 por cento, apesar da alta dos preços do petróleo no mercado internacional nesta sessão. Também no radar estava a informação de que a estatal espera apresentar em julho proposta de estudos para a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da BR Distribuidora. Para analistas da corretora Coinvalores, a notícia da abertura de capital da BR é positiva e pode trazer algum ânimo para as ações da petroleira, mas o conturbado contexto político interno e as preocupações com a cotação do petróleo minimizam esse efeito.
- VALE PNA subia 0,79 por cento e VALE ON tinha alta de 0,78 por cento, engatando o terceiro pregão de ganhos em sessão de leve alta para o contrato futuro de minério de ferro na China.
- GERDAU PN avançava 4,27 por cento, CSN ON ganhava 2,05 por cento e USIMINAS PNA tinha alta de 2,23 por cento, também na esteira da sessão positiva para os contratos futuros do aço e do minério de ferro na China.
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