Auditoria de Moçambique diz que US$500 mi em empréstimos desapareceram
Por Manuel Mucari
MAPUTO (Reuters) - O governo de Moçambique não fez muito para explicar como 2 bilhões de dólares em empréstimos foram gastos e quase um quarto deste dinheiro continua sem prestação de contas, mostrou uma auditoria independente da dívida neste sábado.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu uma auditoria externa forense da dívida no ano passado após revelações sobre empréstimos anteriores escondidos para três estatais em 2013/14.
A descoberta de créditos não aprovados à companhia de pesca de atum Ematum, à empresa de segurança Proindicus e ao Mozambique Asset Management levou o FMI e outros credores a interromper o apoio a Moçambique, gerando um colapso da moeda local e inadimplência de dívidas, além de afetar o crescimento econômico.
Num resumo de 57 páginas da auditoria, a empresa de gerenciamento de riscos Kroll afirmou que autoridades no país africano deram respostas inconsistentes sobre como 500 milhões de dólares destinados à empresa de pesca de atum foram gastos.
"Lacunas permanecem para explicar como exatamente os 2 bilhões de dólares foram gastos, apesar de esforços consideráveis para fechar essas lacunas", diz o documento.
"Até que as inconsistências sejam resolvidas, e documentação satisfatória seja providenciada, pelo menos 500 milhões de dólares de gastos de uma natureza potencialmente sensível continuam não auditados e não explicados."
Explicações sobre como os 500 milhões foram gastos afirmam que o dinheiro foi integrado ao orçamento nacional e usado para comprar equipamento militar, disse a Kroll.
O gabinete do procurador-geral de Moçambique reconheceu os resultados da auditoria e disse que trabalharia com a comunidade internacional para resolver os problemas levantados.
A auditoria mostrou que o Credit Suisse e o VTB Capital, da Rússia -- principais arranjadores do empréstimos -- receberam um total de 199,7 milhões de dólares em comissões.
A Kroll também descobriu que não há evidência de que uma avaliação tenha ocorrido antes da assinatura de três garantias do governo com um valor conjunto de 1 bilhão de dólares. Além disso, possíveis conflitos de interesses foram identificadas.
As estatais também têm falta de infraestrutura básica necessárias para suas operações, apontou a auditoria.
O FMI afirmou que visitará Moçambique de 10 a 19 de julho para discutir preocupações levantadas pela auditoria da dívida.
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