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JBS e credores estão perto de refinanciar R$ 18 bi em dívidas, dizem fontes

Guillermo Parra-Bernal e Tatiana Bautzer

13/07/2017 15h47

SÃO PAULO (Reuters) - Os principais credores brasileiros da JBS estão próximos de um acordo para o refinanciamento de dívidas da processadora de carnes no valor cerca de R$ 18 bilhões que vencem dentro de um ano, disseram cinco pessoas com conhecimento do assunto.

As negociações vêm em um momento no qual a empresa passa por turbulências relacionadas ao grande escândalo de corrupção envolvendo seus controladores, os irmãos Batista.

A Caixa Econômica Federal, o Santander Brasil, o Banco do Brasil e o Bradesco estão tentando convencer o Itaú Unibanco a aderir ao plano, sob o qual a JBS obteria a ampliação do prazo de pagamento por 12 meses em troca do pagamento adiantado de R$ 2 bilhões e garantias extras, disseram duas das fontes.

Em princípio, os bancos não ajustariam os custos dos empréstimos, porque o risco de a JBS não conseguir honrar com as dívidas permanece muito baixo, de acordo com uma das fontes, que pediu anonimato porque o plano ainda não é público. A agência de notícias Bloomberg noticiou em 12 de julho que um acordo definitivo tinha sido alcançado.

A JBS disse em comunicado que a companhia "mantém um relacionamento de longo prazo com as instituições financeiras, com as quais tem mantido discussões produtivas e construtivas."

Os bancos não quiseram comentar. 

Acordo 

Um acordo de refinanciamento é fundamental para sanar preocupações de uma possível perda de liquidez na JBS, cujos custos de empréstimos dispararam após a família Batista ter fechado acordos de leniência e delação premiada com o MPF (Ministério Público Federal) no âmbito da operação Lava Jato.

As ações da JBS acumulam perda de 24% desde que os irmãos Wesley e Joesley Batista fecharam o acordo com o MPF em meados de maio. O preço do bônus em dólar com cupom de 7,75% e vencimento em outubro de 2020 da empresa despencou no período, levando o rendimento a alcançar o seu maior patamar a 12,5%. Nesta sessão, o título oferecia rendimento de 8,4543% ao ano.

O presidente da companhia, Wesley Batista, o mais velho dos irmãos que controlam a JBS, está pessoalmente negociando o refinanciamento da dívida e a venda de ativos para levantar recursos, disseram as fontes.

Os bancos privados mostram cautela em meio à pressão dos credores estatais de remover os Batista do comando da processadora de alimentos, segundo duas fontes.

O Itaú mostrou receio em refinanciar os empréstimos concedidos à JBS no início das conversas, exigindo o pagamento imediato de uma linha de 1 bilhão de reais preste a vencer, disseram as fontes. O Itaú não está participando de nenhuma venda de ativos da JBS, disse uma das fontes.

A remoção dos Batista tornou-se tem sido defendida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal, informou a Reuters em 22 de junho. O BNDES possui cerca de 22% da JBS por meio de seu braço de investimento BNDESPar.

A Caixa é o maior credor da JBS.

A analista do JPMorgan Securities Natalia Corfield estima que a dívida bancária da JBS tenha alcançado R$ 24,3 bilhões ao fim de março, dos quais R$ 17,5 bilhões vencem dentro dos próximos 12 meses. A dívida total da empresa, incluindo títulos de dívida, era de quase R$ 59 bilhões.