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Vale vê produção de minério em 2017 na faixa inferior da estimativa

20/07/2017 09h25

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A produção de minério de ferro da Vale em 2017 ficará próxima ao limite inferior da faixa projetada para o ano, de 360 milhões a 380 milhões de toneladas, com a empresa mantendo a estratégia de reduzir a extração do produto de menor qualidade, ainda que tenha anunciado nesta quinta-feira um recorde para um segundo trimestre.

Caso a produção da maior produtora de minério de ferro do mundo fique perto de 360 milhões de toneladas, poderia crescer cerca de 3 por cento ante 2016.

A previsão para o ano foi feita conforme a empresa anunciou nesta quinta-feira cortes adicionais da produção de minério com maiores custos, nos sistemas Sul e Sudeste do Brasil, no segundo semestre, enquanto aumenta gradativamente sua produção de alta qualidade.

A mineradora produziu no segundo trimestre 91,849 milhões de toneladas, alta de 5,8 por cento ante o mesmo período do ano passado, principalmente devido à aceleração das atividades na mina S11D, em Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará.

O S11D, maior projeto de minério da história da companhia, com alto teor de ferro, entrou em operação comercial neste ano e, segundo a empresa, está avançando conforme o planejado.

Com isso, o Sistema Norte, que compreende as minas de Carajás, Serra Leste e S11D, atingiu recorde de produção de 41,5 milhões de toneladas no segundo trimestre, alta de 13,7 por cento ante o mesmo período de 2016.

Em nota a clientes, o analista do Societe Generale Christian Georges afirmou que a produção de minério da Vale no segundo trimestre ficou no topo das expectativas e que foi consistente com à expansão da produção de baixo custo e alta qualidade no Norte do Brasil.

"Grande parte disso é projetada para alimentar maiores graduações de minério de ferro em misturas (com a produção do Sul do Brasil) para maximizar o retorno", disse o analista, destacando que em sua opinião a produção da Vale não está alimentando o excesso de oferta global.

Priorizando a qualidade, a Vale afirmou que a especificação do minério Brazilian Blend Fines (BRBF) está agora padronizada, com um teor de sílica (SiO2) limitado a 5 por cento.

"O produto BRBF está consolidando sua marca como principal componente para carga de alto-forno em diversas usinas siderúrgicas, sendo distribuído a partir de onze portos chineses."

As ações preferenciais da empresa operavam com queda de 3,6 por cento, às 12:47, enquanto o Ibovespa recuava 0,34 por cento.

EM BUSCA DE MAIOR QUALIDADE

A Vale explicou que a extração de produtos de alta sílica, com menos qualidade e maiores custos, será reduzida em 19 milhões de toneladas em algumas minas dos sistemas Sul e Sudeste a partir do segundo semestre. Dessa forma, a produção anual deverá ficar próxima dos 360 milhões de toneladas para o ano.

Em relatório a clientes, o analista do Citi Alex Hacking destacou que o corte dos produtos de alta sílica são adicionais aos anunciados em 2016, de 30 milhões de toneladas, somando então 50 milhões de cortes totais, aproximadamente 12,5 por cento da capacidade da empresa.

A Vale afirmou ainda, nesta quinta-feira, que reafirma o caso base de sua meta de produção de longo prazo de 400 milhões de toneladas por ano. No entanto, Hacking destacou que, anteriormente, a empresa orientou a produção de 2020 para 400-450 milhões de toneladas por ano.

"Então isso nos parece como um potencial corte de orientação, e não uma reafirmação", disse Hacking, que classificou as notícias como gradualmente positivas para o mercado de minério de ferro.

O teor de ferro médio foi de 63,8 por cento no segundo trimestre de 2017, permanecendo em linha com o teor de ferro médio do primeiro trimestre.

EMBARQUES E VENDAS

A Vale reiterou que está buscando deslocar os estoques ao longo da cadeia para mais perto dos clientes, como forma de trazer maior flexibilidade à cadeia integrada de valor, conforme explicado pela companhia na divulgação dos resultados do primeiro trimestre.

Mas o movimento leva temporariamente a menores volumes de venda, quando comparados aos embarques do Brasil.

Ainda assim, os embarques de minério de ferro e pelotas da empresa a partir de Brasil e Argentina cresceram, totalizando 81,6 milhões de toneladas no segundo trimestre, 4,4 milhões de toneladas maiores do que no mesmo período de 2016, devido principalmente à maior produção no Sistema Norte e no Sistema Sudeste.

Os embarques feitos pela Argentina referem-se ao Sistema Centro-Oeste, que compreende a unidade ativa de Urucum.

Dessa forma, os volumes "blendados" na Ásia totalizaram 14,8 milhões de toneladas no segundo trimestre, 3,7 milhões de toneladas acima do volume registrado no mesmo período do ano passado.

REVISÃO DA PRODUÇÃO DE NÍQUEL

A produção de níquel alcançou 65,9 mil toneladas no segundo trimestre, queda de 16,1 por cento ante o mesmo período do ano passado, principalmente devido à reconstrução do forno 2, como parte da transição para operação com forno único em Sudbury, e à parada programada para manutenção na unidade.

A Vale, que é uma das maiores produtoras de níquel do mundo, explicou que a meta para a produção da commodity no ano foi revista devido a um desempenho abaixo do esperado de suas operações no segmento.

Em sua nova projeção, a Vale prevê produzir 295 mil toneladas em 2017, ante 317 mil toneladas previstas anteriormente, segundo esclareceu a assessoria de imprensa.

A redução, segundo a Vale, reflete uma produção menor que a planejada nas operações de Thompson, Nova Caledônia e Indonésia.