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Em reunião reservada, Segóvia toma posse como chefe da PF e diz que vai "ampliar" Lava Jato

10/11/2017 19h18

Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Numa reunião reservada que não constava sequer da agenda oficial do ministro da Justiça, Torquato Jardim, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, foi empossado no cargo na tarde desta sexta-feira com o discurso de que pretende "ampliar" o combate à corrupção no país, inclusive a atuação da operação Lava Jato.

Segóvia, que foi indicado ao cargo por escolha pessoal do presidente Michel Temer e com o apoio de políticos do PMDB implicados na Lava Jato, substitui o delegado Leandro Daiello, que permaneceu à frente da PF por mais tempo, 6 anos e 10 meses.

A reunião ocorreu no Ministério da Justiça. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, o que ocorreu nesta sexta-feira foi uma "mera assinatura" do termo de posse. A cerimônia de transmissão do cargo, disse o órgão, ocorrerá no dia 20 de dezembro, quando haverá "discursos, entrevistas e demais ações protocolares".

Não houve aviso da assessoria do ministério ou da PF para a imprensa de que haveria essa reunião. Contudo, uma equipe televisiva da Rede Globo esteve presente ao encontro.

Em rápida entrevista após a posse, segundo informações da assessoria do órgão publicada no site do Ministério da Justiça, Segóvia afirmou que pretende reforçar o combate à corrupção, com a ampliação e melhoria da Lava Jato e criação de mais operações.

“A Lava Jato na realidade é uma das operações de combate à corrupção no país. O que a PF pretende é aumentar, ampliar o combate à corrupção. Então não será só uma ampliação, uma melhoria na Lava Jato, será em todas as operações que a PF já vem empreendendo. Bem como ampliar, criar novas operações”, disse o novo diretor-geral.

Para Segóvia, uma única certeza é que a corrupção no Brasil é sistêmica, mas existe a PF, o Ministério Público Federal e outros órgãos que a combatem e pretendem continuar cada vez mais fortes nessa atuação.

Ao ser questionado sobre ingerência política na PF, o novo diretor-geral disse que "a política, na realidade, faz parte da vida do ser humano".

"Então, como diretor-geral, eu tenho que realmente trabalhar politicamente com vários órgãos, várias instituições, o que não quer dizer que a gente não combata os crimes, que são cometidos por pessoas. As instituições não cometem crimes, as pessoas cometem crimes. Nas empresas, os funcionários cometem crimes, as empresas não cometem crimes", disse.

Quanto a mudanças na cúpula da instituição, Segóvia informou que já teve reuniões com os diretores e superintendentes regionais e todos estão tranquilos.

"A gente está começando a trabalhar o processo de transição natural dentro da Polícia Federal. Pretendemos continuar o trabalho e é natural que, com o tempo, haja mudanças", disse. “Com certeza sempre tem gente que está cansado e quer sair, e tem gente que está novo e quer entrar, isso é natural", completou.

Segundo apuração da Reuters, o delegado Sandro Torres Avelar é apontado como principal nome para assumir o cargo de secretário-executivo da PF, na prática, o número dois da corporação.

Avelar foi filiado ao PMDB e ocupou o cargo de secretário de Segurança Pública em Brasília com o aval direto do ex-assessor especial do presidente Michel Temer, o ex-vice-governador do Distrito Federal e também presidente do partido na capital, Tadeu Fillipelli. [nL1N1NG1LY]