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Diesel e gasolina da Petrobras renovam máximas nas refinarias

José Roberto Gomes

16/04/2018 13h15

SÃO PAULO (Reuters) - Os preços do diesel e da gasolina praticados pela Petrobras nas refinarias serão elevados na terça-feira (16) aos maiores patamares desde que a petroleira iniciou, em julho do ano passado, uma nova sistemática de formação de cotações, com reajustes quase que diários.

Isso não significa necessariamente que as alterações chegarão ao consumidor final na bomba. Os postos são livres para aplicar ou não o reajuste, e na porcentagem que desejarem.

O valor do diesel, combustível mais consumido no país, será elevado em 0,76%, para R$ 1,9988 por litro, enquanto o da gasolina passará para R$ 1,7229, alta de 0,92%.

Os preços desses combustíveis vêm renovando máximas desde a semana passada, na esteira de ganhos no mercado de petróleo e gasolina no exterior, em razão de cortes de produção liderados pela Opep, demanda global fortalecida e, mais recentemente, tensões geopolíticas no Oriente Médio e fortalecimento do dólar ante o real.

O diesel da Petrobras avançou 6,4% só na semana passada, enquanto a gasolina ganhou 3,8% no mesmo período.

A política de formação de preços da petroleira visa seguir as oscilações internacionais nos mercados de petróleo e seus derivados, entre outros fatores, de modo a tentar manter alguma paridade em relação ao exterior.

Desde o início dessa nova sistemática, em julho, o diesel e a gasolina nas refinarias da Petrobras subiram 26,8% e 24,5%, respectivamente.

Em nota no final do dia, a Petrobras afirmou em seu site que não tem o poder de formar preços de commodities como os combustíveis.

"O que a companhia faz é refletir essa variação de preço do mercado internacional. Como o valor desses combustíveis acompanha a tendência internacional, pode haver manutenção, redução ou aumento nos preços praticados nas refinarias e terminais", afirmou a companhia.

A Petrobras reiterou ainda que as revisões de preços feitas pela Petrobras podem ou não se refletir no preço final ao consumidor. "Como a legislação brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados, a mudança no preço final dependerá de repasses feitos por outros integrantes da cadeia de combustíveis."

Postos

Nas bombas, os reajustes por distribuidoras e revendedoras não acompanharam os realizados pela Petrobras na última semana.

Pelos dados mais recentes da reguladora ANP, o preço médio da gasolina no Brasil fechou a semana passada em R$ 4,208 por litro, leve baixa ante os R$ 4,217 da semana imediatamente anterior.

Em paralelo, o diesel registrou média nacional na semana passada de R$ 3,410, alta de 0,41% ante o período anterior. O preço do combustível nos postos, segundo a ANP, está em máxima histórica nominal (sem considerar a inflação).

"O mercado não repassa isso de imediato. Esse modelo (da Petrobras) subtrai em um dia, repõe no outro, e o varejo não vai na mesma velocidade, há uma certa inércia. O varejo precisa olhar seus estoques, não têm estrutura para reajustar todos os dias", explicou Tarcilo Rodrigues, diretor da comercializadora de etanol Bioagência e especialista no mercado de combustíveis.

"Qual a tendência a partir de agora? É o preço da gasolina se estabilizar ou subir. Já o do etanol, cair", acrescentou Rodrigues, referindo-se ao concorrente direto da gasolina e mencionando a maior produção de álcool decorrente do início da nova safra no centro-sul do Brasil.

Com efeito, as cotações do hidratado nas usinas de São Paulo, principal produtor do país, cederam 7,8% na semana passada. O valor do anidro, misturado em 27% à gasolina, recuou 9,3%.

Nas bombas, o preço do hidratado fechou semana passada em R$ 3,019 por litro, na média Brasil, contra R$ 3,055 na semana anterior. Em São Paulo, onde a incidência de ICMS é menor, porém, o produto está em R$ 2,848 por litro, segundo a ANP.

"Hoje, o consumidor olha os preços do combustível no posto de abastecimento e vê o preço da gasolina com o numeral 4 na frente e o etanol com 2 e ele nem faz muita conta", destacou o diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, em relatório, projetando maior demanda pelo biocombustível.

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