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Movimentos de fundos multimercados reforçam perdas na bolsa, veem gestores

28/05/2018 16h24

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A forte queda de ações brasileiras como visto nesta segunda-feira tem entre seus componentes o aumento recente da presença de fundos multimercados na bolsa, na esteira de um ambiente macroeconômico que tem levado investidores a buscarem rentabilidades mais atrativas.

Os multimercados lideraram as captações entre os fundos de investimentos no ano até abril, com ingressos líquidos de 40,2 bilhões de reais, equivalentes a 70 por cento do total.

De acordo com gestores ouvidos pela Reuters, os fundos multimercados maiores focam em ações de maior liquidez, o que limita o efeito quando ajustam posições, mas há fundos menores que operam com papéis menos líquidos também e que entram e saem mais rápido de posições baseados em questões macro e não micro.

"Quando há uma piora da bolsa, esses fundos decidem zerar na hora para reduzir o VaR em bolsa", disse um gestor que pediu para não ter o nome citado, referindo-se ao parâmetro que ajuda a medir quanto uma carteira está exposta ao risco em um determinado período. "E sem amor às posições", disse.

A deterioração vista recentemente na Bovespa tem como pano de fundo um aumento da aversão a risco com mercado emergentes, além de um cenário eleitoral ainda bastante nebuloso no Brasil e retomada mais lenta do que o esperado para a economia doméstica.

Nesta segunda-feira, particularmente, há ainda uma forte deterioração na percepção sobre a capacidade do governo lidar com a greve dos caminhoneiros, que já está afetando vários setores da economia, destacou um dos profissionais ouvidos pela Reuters.

Por volta das 13h15, o Ibovespa recuava mais de 3 por cento, tendo tocado mínima intradia no ano. Entre os destaques de queda, estavam as ações da Petrobras, com declínios de mais de 8 por cento.

Em maio, o Ibovespa acumula perda de mais de 11 por cento, praticamente zerando o ganho no ano. Até o final de abril, a alta em 2018 era de 12,7 por cento.

De acordo com outro gestor ouvido pela Reuters, há uma demanda de clientes em ter uma parcela de suas aplicações em ações, mas de forma que os fundos consigam trocar sua posição de forma ágil, tanto para posições vendidas em determinadas ações como para a renda fixa.

"Uma vez que muitos fundos tem um prazo de 30 dias para resgate, interessa que o mesmo fundo possa mudar de posição sem que o cliente precise trocar de fundo", disse.