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Greve dos caminhoneiros ofusca evento do governo para atrair investimento

29/05/2018 20h56

Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - Enquanto o país contabiliza os prejuízos de uma paralisação dos caminhoneiros que chegou ao nono dia nesta terça-feira, representantes do governo federal, incluindo de estatais, tentavam convencer investidores de que o país é um dos melhores destinos do mundo para investimentos em infraestrutura.

Num evento anual de dois dias, em São Paulo, ministros, secretários, executivos de bancos federais recorreram a evoluções de indicadores macroeconômicos, como queda da inflação e dos juros e à saída da recessão como fatores positivos para investimentos de longo prazo.

"O Brasil talvez seja o único país do mundo que ofereça oportunidades de retorno do investimento com esse nível de risco", disse o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, no primeiro dia do Fórum de Investimentos Brasil 2018, minutos antes de anunciar um recurso de 5 bilhões de reais para investir em fundos de infraestrutura, além de outro 1 bilhão de reais para fundos de empresas médias e pequenas.

Em outro painel, o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, defendeu que a forte alta recente do dólar, que tem refletido em parte o crescente receio de investidores com a proximidade da corrida presidencial deste ano, não vai comprometer a entrada de investimento estrangeiro no país.

"Acredito que não cresceremos 3 por cento (PIB) como estava previsto anteriormente, mas com certeza cresceremos mais do que no ano passado", disse ele.

O evento teve baixas importantes, incluindo as do presidente da República, Michel Temer, e do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, que permaneceram em Brasília para tratar de questões emergenciais ligadas ao movimento dos caminhoneiros. O ministro dos Transportes, Valter Casimiro, teve que sair às pressas do evento para Brasília.

Representantes do setor privado presentes ao evento mostravam mensurar os efeitos da paralisação dos caminhoneiros. À Reuters, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, disse que de imediato o setor terá 10 mil a 20 mil veículos exportados em maio e que os números de produção e vendas tendem a ser negativos neste mês.

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, e o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, disseram que a atividade bancária ainda não foi atingida, inclusive a concessão de crédito.

“Mas tem que ver quais os efeitos desse episódio sobre a confiança dos empresários e do consumidor”, disse Lazari a jornalistas.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que por enquanto a mineradora tem conseguido escapar dos efeitos da paralisação e que a companhia tende a fazer novos investimentos em ferrovias. Porém, ele afirmou que as consequências para a companhia podem se agravar caso as paralisações continuem.