Centro-sul comercializa recorde de etanol para a 1ª quinzena de junho
Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - As usinas e destilarias do centro-sul do Brasil comercializaram um total de 1,41 bilhão de litros de etanol na primeira quinzena de junho no mercado interno, recorde para o período, com o setor ainda focado na produção do biocombustível e recuperando-se dos protestos de caminhoneiros em maio.
Conforme dados divulgados nesta terça-feira pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), esse desempenho foi puxado pelas vendas domésticas de etanol hidratado, que atingiram 907 milhões de litros, alta de 66,5 por cento na comparação anual e também marca histórica para o período.
Para o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, "o resultado histórico decorre da maior competitividade do hidratado frente à gasolina e do impacto da greve dos caminhoneiros, que exigiu a interrupção da produção e comercialização de etanol na 2ª quinzena de maio".
Segundo ele, com a normalização das operações no setor de combustíveis, houve a retomada das vendas pelas unidades produtoras para atender o consumo e a recomposição dos estoques operacionais dos distribuidores, postos de revenda e dutos.
A comercialização de etanol vem se mantendo atrativa para as usinas desde o ano passado, na esteira de mudanças tributárias e maior remuneração sobre o açúcar, cujos preços internacionais oscilam perto de mínimas em anos.
Na primeira metade de junho, o centro-sul produziu 1,45 bilhão de litros de etanol hidratado, o segundo maior volume da série histórica, abaixo apenas dos 1,50 bilhão de litros observado na segunda quinzena de agosto da safra 2010/11.
Considerando-se também o anidro, a produção total de etanol na quinzena cresceu 42,2 por cento, para 2,1 bilhões de litros.
"No acumulado desde o início da safra, 64,98 por cento da cana foi direcionada à produção do renovável, confirmando a expectativa de mix de produção mais alcooleiro e de maior oferta de etanol no mercado doméstico", disse Padua.
Em paralelo, a produção de açúcar caiu 17,2 por cento na quinzena, para cerca de 2 milhões de toneladas, mesmo com a moagem de cana tendo crescido 6,4 por cento, para 42 milhões de toneladas, acrescentou a Unica.
"O clima seco observado desde o início dessa safra permitiu um maior rendimento da colheita e melhorou a qualidade da matéria-prima processada até o momento", afirmou Rodriges.
Entretanto, segundo ele, essa condição deve promover redução na produtividade da cana-de-açúcar colhida nos próximos meses, diminuindo "significativamente" a oferta de matéria-prima para processamento.
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