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Blocão decide caminhar junto, mas ainda está indeciso entre Alckmin e Ciro

19/07/2018 11h23

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O grupo dos chamados partidos de centro formado por PP, DEM, PR, SD e PRB, conhecido como blocão, decidiu na noite de quarta-feira que irá junto para a disputa presidencial e oferecerá o nome do empresário Josué Gomes, filiado ao PR, como candidato a vice, mas ainda está dividido entre apoiar o pedetista Ciro Gomes ou o tucano Geraldo Alckmin.

"Vai ser uma decisão colegiada, seja por consenso, seja por maioria, mas ainda está dividido, alguns pró-Ciro, outros pró-Alckmin", disse à Reuters o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), nesta quinta-feira.

Os partidos do blocão ainda discutem para que lado ir na disputa presidencial de outubro. DEM, Solidariedade e PP, apesar das divergências ideológicas, estão mais inclinados a apoiar Ciro, mas outros partidos, como PRB e o próprio PR, têm dificuldades de se aliar ao pedetista e preferem Alckmin.

A decisão final dever ser tomada na próxima quarta-feira. "É o deadline", disse Rocha.

Até agora, no entanto, a decisão é que, não havendo consenso, quem for derrotado irá seguir a escolha da maioria -- uma medida tomada pelos caciques dos partidos, mas que ainda pode enfrentar resistência nas bases.

O acordo foi fechado na noite de quarta-feira em uma reunião na casa do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, mas as conversas continuaram nesta quinta-feira em um café da manhã na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Mais tarde, os cinco partidos divulgaram nota conjunta informando que farão "consultas internas" nos próximos dias.

"Progressistas, PR, PRB, Democratas e Solidariedade reafirmam a união e o compromisso de construir um projeto comum para as eleições deste ano", disse o grupo. "Cada partido vai realizar consultas internas nos próximos dias com o propósito de anunciar publicamente uma decisão comum na semana que vem."

INFLUÊNCIA FUTURA

A decisão de caminharem unidos tem uma razão única: garantir que o blocão chegue com força em um eventual próximo governo para ditar as normas no Congresso e influenciar no governo.

Juntos, os cinco partidos falam em eleger cerca de 200 deputados, o que permitiria a eles, e ao novo governo, trabalhar sem o MDB pela primeira vez desde a redemocratização do país.

O blocão também elevaria consideravelmente o tempo de televisão e os palanques regionais dos candidatos. O grupo já se reuniu com Ciro e com Alckmin para ouvir propostas e promessas.

Com o tucano há maior afinidade ideológica, mas no blocão há ceticismo sobre a capacidade de Alckmin decolar na preferência dos eleitores, o que traria o risco de o blocão ficar fora do governo.

Ciro tem mais potencial de crescimento, segundo a avaliação dos caciques das legendas, mas as posições do candidato pedetista, especialmente nas questões econômicas, incomodam os partidos, mesmo que Ciro tenha admitido suavizar suas postura sobre algumas questões.

O presidente do PR, Marcos Pereira, disse que em conversa no sábado, em São Paulo, Ciro se comprometeu a aceitar sugestões na área econômica e a não interferir na pauta legislativa em questões de costumes importantes para o partido, como aborto ou questões homoafetivas. “Mas aí vem essa bomba que está em toda imprensa hoje, essa carta para a Embraer...”, disse Pereira.

Na quarta-feira, Ciro divulgou carta enviada aos presidentes da Boeing e da Embraer em que sugere a dissolução do acordo fechado entre as duas companhias por meio do qual a norte-americana assumirá o controle da divisão de aviação comercial da Embraer através da criação de uma joint venture de 4,75 bilhões de dólares.

(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)