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Banco Central da Argentina vende reservas com peso em recorde de baixa

15/08/2018 17h07

BUENOS AIRES (Reuters) - O banco central argentino vendeu nesta quarta-feira US$ 781 milhões em reservas para o mercado de câmbio, em uma tentativa de impedir uma queda do peso, que atingiu um recorde de baixa por causa das preocupações com a inflação e do sentimento global em relação aos mercados emergentes.

O peso chegou a cair até 2% para atingir um recorde de baixa de 30,50 pesos por dólar americano em meio a um nervosismo contínuo sobre a lira da Turquia, que provocou uma onda de vendas nos ativos dos mercados emergentes.

Mais tarde, o peso se recuperou, à medida que o banco central vendeu reservas em moeda estrangeira em três leilões separados, a preços médios de 30,03, 29,81 e 29,96 pesos por dólar. No mercado à vista, o peso fechou em queda de 0,4%, a 30 pesos por dólar norte-americano.

A economia argentina tem sido uma das mais duramente atingidas pelo aumento de aversão ao risco. Investidores globais estão preocupados com o aumento da inflação, que atingiu 31,2% em julho, de acordo com dados do governo divulgados nesta quarta-feira (15), e com uma grande parte da dívida denominada em dólares.

Analistas agora esperam que a economia da Argentina se contraia neste ano, revertendo as altas expectativas que eles tinham no começo do ano, após um fluxo constante de más notícias, incluindo um acentuado enfraquecimento da moeda e uma seca que atingiu a principal safra comercial, da soja.

No início deste ano, a Argentina prometeu acelerar os cortes no déficit e manter a inflação abaixo de 32% como parte de ações para linha de crédito de US$ 50 bilhões tomada junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma inflação acima de 32% exigiria uma consulta com o conselho executivo do FMI, que poderia reter os desembolsos.

A mais recente onda de turbulência nos mercados emergentes levou o banco central a elevar a taxa básica de juros do país para 45%, ante 40%, e anunciar um plano para acelerar a redução do estoque de dívida de curto prazo, conhecido como Lebacs.

O plano foi bem-recebido pelo FMI, mas operadores disseram que a redução nas Lebacs poderia deixar mais pesos na economia, pressionando a taxa de câmbio e a inflação. A autoridade monetária reduziu a taxa de juro nos empréstimos de curto prazo a 45,04%, de 46,5%, em leilão na terça-feira, vendendo 201,7 bilhões de pesos (US$ 6,75 bilhões).

(Por Jorge Otaola e Walter Bianchi)