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EXCLUSIVO-Acordo México/EUA inclui teto para exportações de veículos, dizem fontes

28/08/2018 21h37

Por David Shepardson e Ana Isabel Martinez

WASHINGTON/CIDADE DO MÉXICO - Um acordo comercial entre Estados Unidos e México permitiria ao presidente Donald Trump impor tarifas punitivas de até 25 por cento sobre importações de automóveis, utilitários esportivos e autopeças mexicanos acima de certos volumes, disseram executivos e fontes automotivas na terça-feira.

EUA e México concordaram na véspera em revisar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), pressionando o Canadá a aceitar novas regras de comércio de automóveis e solução de controvérsias para continuar fazendo parte do pacto. 

Mas um acordo paralelo não relatado antes entre os dois países permitiria aos EUA impor tarifas de "segurança nacional" sobre importações mexicanas de carros e SUVs de mais de 2,4 milhões de veículos. O acordo paralelo permitiria taxas sobre importações de autopeças acima de 90 dólares bilhões por ano.

A administração planeja anunciar nas próximas semanas o resultado de uma investigação sobre se importações de automóveis e peças representam risco de segurança nacional. O estudo pode ser usado para justificar a sobretaxa dos EUA sobre importações de carros, alegando que proteção da indústria automobilística é vital para a segurança nacional durante uma era da "Guerra Fria" comercial.  

As montadoras temem que o acordo sinalize que os EUA prosseguirão com as tarifas de segurança nacional - e provavelmente as usarão para obter concessões da União Europeia e do Japão. Elas têm dito que as tarifas podem custar centenas de milhares de empregos e elevar fortemente preços de veículos. 

Um acordo paralelo define um cenário no qual os EUA aumentam tarifas sobre automóveis para "nações mais favorecidas", hoje de 2,5 por cento. Uma potencial taxa nova não especificada seria aplicada a veículos que não atendem ao Nafta atual ou renovado.      

TETO PARA EXPORTAÇÃO MEXICANA

Abaixo do limite, veículos do México que atenderem a novos e mais rigorosos requisitos de conteúdo poderiam entrar nos EUA com isenção de impostos. Veículos dentro do limite que não cumprem com o novo acordo pagariam uma tarifa de 2,5 por cento, disseram as fontes.    Em 2017, quase 1,8 milhão de carros e SUVs foram exportados do México para os EUA.  

As fontes não quiseram ser identificadas porque os detalhes do acordo não foram oficialmente liberados.

Autoridades dos EUA disseram que o acordo visa a levarmais empregos na indústria automobilística nos dois países. Termos do acordo não são finais e podem mudar dependendo do resultado das negociações entre EUA e Canadá, e outros fatores.

Exportações de autopeças isentas de impostos do México para os EUA podem ser limitadas a 90 bilhões de dólares por ano, disse Ann Wilson, vice-presidente sênior do governo para assuntos da Associação de Fabricantes de Motores e Equipamentos.

O valor excede os níveis atuais, mas as remessas de peças acima essa cota podem estar sujeitas a 232 tarifas, disse Wilson. 

O acordo também define cotas para que as montadoras usemaço e alumínio, disseram as fontes. Peças de veículos ficariam sujeitas a cotas de conteúdo regional a diferentes níveis, dependendo do tipo de peça ou sistema. Motores e transmissões, sistemas de maior valor num veículo, teriam uma cota de conteúdo regional de 75 por cento, disseram as fontes. 

Uma porta-voz do representante de Comércio dos EUA se recusou comentar sobre os detalhes antes não revelados do acordo.  

O Ministério da Economia mexicana não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O mecanismo tarifário no acordo preliminar EUA-Méxicoprovavelmente mudaria pouco para as montadoras de Detroit, comoGeneral Motors , que monta o grande Chevrolet Silveradoe picapes GMC Sierra em um complexo em Silao, no México. 

Mas montadoras asiáticas e alemãs e montadoras e fornecedores que querem expandir a produção no México podem estar em desvantagem, e serem forçados a obter mais produção de veículos e motores nos EUA.

Espera-se que o acordo comercial revisado entre em vigor em 2020 e seja implementado ao longo de cinco anos, segundo pessoas familiarizadas com a proposta.