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Wall Street dita nova queda do Ibovespa; possível saída de Ilan do BC amplia perda no final

18/10/2018 17h42

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A quinta-feira foi de queda na bolsa paulista, acompanhando o viés negativo dos pregões em Wall Street, onde os negócios foram pressionados por preocupações com o aumento dos custos de financiamento nos Estados Unidos e sinalização pelo banco central norte-americano de continuidade no aperto monetário.

O Ibovespa fechou em baixa de 2,24 por cento, a 83.847,12 pontos. O volume financeiro na sessão somou 12,2 bilhões de reais.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa ampliou a queda no ajuste de fechamento após a agência Bloomberg informar, citando duas fontes, que Ilan Goldfajn se prepara para deixar o Banco Central no final do ano. Procurado pela Reuters, o BC não quis comentar a notícia.

"A notícia adiciona dúvidas em um momento no qual já existem várias incertezas sobre a composição do novo governo. A permanência dele seria um problema a menos. Não estava certo se ele iria continuar, mas agora essa troca parece mais certa de ocorrer", disse o gerente de investimentos de um fundo de pensão no Rio de Janeiro, que pediu para não ter o nome citado.

Nos EUA, os principais índices acionários fecharam em queda, conforme resultados piores do que o esperado de empresas do setor industrial reforçaram preocupações sobre efeitos de custos mais elevados para o crédito e tom 'hawkish' do Federal Reserve na véspera na ata da última decisão de juros.

De acordo com o gestor Frederico Mesnik, sócio-fundador da Trígono Capital, o tom negativo em Nova York corroborou uma realização de lucros na bolsa brasileira.

"O mercado já precificou a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição presidencial e agora quer ver quem irá fazer parte da equipe do próximo governo. Investidores que compraram ações semanas atrás estão colocando parte do lucro no bolso", afirmou.

Em outubro, o Ibovespa ainda acumula alta de 5,7 por cento. No ano, o ganho alcança quase 10 por cento. Papéis como as preferenciais da Petrobras contabilizam uma valorização superior a 20 por cento neste mês e de cerca de 60 por cento em 2018.

Na visão de Mesnik, o Ibovespa deve ficar "de lado", sem uma tendência clara, até que os primeiros nomes do novo governo sejam conhecidos.

A quinta-feira ainda reserva nova pesquisa Datafolha sobre a disputa do segundo turno entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT). Em relatório mais cedo, a corretora Mirae avaliou que as novas pesquisas tendem a confirmar a expectativa no mercado de vitória do candidato do PSL com grande diferença em relação ao petista.

DESTAQUES

- VALE caiu 3,91 por cento, seguindo mineradoras no exterior e ampliando a perda acumulada no mês, apesar da visão positiva de analistas de modo geral para a companhia brasileira. No ano, as ações da Vale ainda sobem cerca de 45 por cento.

- ITAÚ UNIBANCO PN recuou 2,97 por cento, em meio a ajustes. BRADESCO PN caiu 2,76 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 2,45 por cento, enquanto BANCO DO BRASIL cedeu 1,16 por cento.

- PETROBRAS PN fechou em baixa de 2,84 por cento, tendo de pano de fundo nova queda nos preços do petróleo no mercado internacional, mas ainda contabiliza uma alta de mais de 20 por cento em outubro.

- GERDAU PN cedeu 3,79 por cento, liderando as perdas no setor siderúrgico no Ibovespa, após a norte-americana Nucor divulgar resultado do terceiro trimestre abaixo do esperado por analistas e alimentar preocupações de que a indústria de aço dos EUA pode estar enfrentando um excesso de oferta. Parte relevante da receita da Gerdau vêm dos EUA.

- VIA VAREJO perdeu 4,03 por cento. O vice-presidente financeiro do Casino, Antoine Giscard d'Estaing, afirmou nesta quinta-feira que o processo de venda da rede de móveis e eletrodomésticos continua em andamento e que não há novidades. Os comentários foram feitos após dados de vendas do grupo francês Casino, que controla o brasileiro GPA, que, por sua vez, controla a ViaVarejo.

- SMILES subiu 5,16 por cento, em nova sessão de recuperação, após perdas expressivas no começo da semana, quando foi pressionada por anúncio de sua controladora, a companhia aérea Gol, de que não vai renovar o contrato com a empresa de programa de fidelidade e que pretente incorporá-la, dentro de um plano de reorganização societária.

- RD subiu 1,86 por cento, mas o desempenho do mês ainda mostra perda de quase 8,5 por cento, diante de expectativas menos otimistas para os números do terceiro trimestre. O BTG Pactual prevê números fracos sobre as lojas maduras, com menor margem Ebitda, embora o forte plano de abertura de lojas deva mais uma vez assegurar uma alta decente da receitas.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)