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Ibovespa fecha em forte queda pressionado por declínio em Wall Street

24/10/2018 17h07

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda e na mínima em quase duas semanas nesta quarta-feira, minado pelo forte recuo das bolsas nos Estados Unidos, em sessão marcada pelo começo da temporada de resultados no país com Fibria e WEG e ausência de novidades relevantes no cenário eleitoral.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,62 por cento, a 83.063,56 pontos, menor patamar desde 11 de outubro. O volume financeiro do pregão somou 13,6 bilhões de reais.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 encerrou em baixa de 3 por cento, engatando o sexto pregão seguido no vermelho, com previsões fracas de fabricantes de chips aumentando as preocupações sobre o impacto nos resultados das companhias da adoção de tarifas e da desaceleração econômica na China.

As perdas se acentuaram após o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) afirmar em seu Livro Bege, relatório sobre a economia norte-americana, que as fábricas elevaram os preços em razão das tarifas, mas que a inflação parecia modesta ou moderada na maior parte do país.

Dados fracos sobre moradias nos EUA também pesaram.

"A direção do mercado doméstico foi determinada por Nova York, onde o noticiário econômico-corporativo desfavorável combinado com o susto acerca de pacotes enviados a ex-presidentes dos EUA abriram espaço para nova realização lucros", disse o gestor Marco Tulli, da mesa de Bovespa da Coinvalores.

"No começo do mês, o S&P 500 renovou máxima histórica. Não fica difícil encontrar motivos para embolsar lucros. E a bolsa no Brasil, como na maioria das vezes, acompanhou", acrescentou.

No cenário eleitoral doméstico, o gestor Frederico Mesnik, sócio-fundador da Trígono Capital, observa que não há nada de novo para mudar no curto prazo, com uma provável vitória do candidato Jair Bolsonaro já bastante precificada no mercado.

O candidato do PSL vem liderando pesquisas sobre o segundo turno da corrida presidencial contra Fernando Haddad, do PT, que terá seu desfecho no domingo. Assim, agentes financeiros vêm monitorando notícias sobre a potencial equipe e planos, principalmente no âmbito econômico, da nova administração.

Profissionais da área de renda variável também citaram movimento de investidores locais se posicionando em contratos futuros do Ibovespa, de olho no resultado do próximo dia 28.

DESTAQUES

- VALE caiu 4,09 por cento, seguindo o movimento de outras mineradoras no exterior, antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre, ainda nesta quarta-feira. A expectativa entre analistas é de desempenho forte após dados recordes de produção e venda de minério de ferro no período.

- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 2,6 por cento, contaminado pelo viés mais negativo vindo do exterior, que enfraqueceu bancos de modo geral, com o índice do setor financeiro recuando 2,31 por cento.

- AMBEV recuou 4,45 por cento, em meio a expectativas negativas para o balanço da fabricante de bebidas. A rival Heineken disse que aumentou as vendas de cerveja em todas as quatro regiões do mundo no terceiro trimestre, com Brasil entre os destaques.

- COSAN despencou 9,95 por cento, após anunciar que, em conjunto com a Cosan Logística, avaliará a viabilidade de incorporação da mesma, com ambas buscando otimizar a estrutura societária do grupo e reduzir custos operacionais. COSAN LOG, que não está no Ibovespa, subiu 8,35 por cento.

- PETROBRAS PN recuou 1,98 por cento, sucumbindo ao viés de baixa na bolsa como um todo. Mais cedo no pregão, subiu até 3 por cento. A petrolífera de controle estatal anunciou início da produção de petróleo e gás natural na área de Lula Extremo Sul, no pré-sal da Bacia de Santos, por meio da plataforma P-69.

- FIBRIA subiu 1,12 por cento, após Ebitda recorde no terceiro trimestre. Em teleconferência sobre o resultado, a empresa disse que o mercado global de celulose deve continuar apertado nos próximos meses. A Fibria está em processo de ser incorporada pela Suzano, que avançou 2,46 por cento.

- WEG encerrou em alta de 0,78 por cento, em sessão sem viés claro, com resultado trimestral mostrando crescimento de mais de 20 por cento no Ebitda e de mais de 30 por cento na receita, mas queda na margem bruta, o que já era esperado, conforme analistas do Itaú BBA, que consideraram o balanço neutro.