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Dólar cai mais de 5% desde 1º turno com perspectiva de vitória de Bolsonaro

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - A crença de que as eleições do próximo domingo definirão Jair Bolsonaro (PSL) como presidente da República fez com que o dólar ficasse mais barato em pelo menos 20 centavos de real entre o primeiro turno e a mínima desta tarde, último pregão antes do segundo turno, mas a continuidade desta queda passa a depender do que o novo governo vai implementar de fato.

"Confirmada a vitória de Bolsonaro, há espaço ainda para um rali, mas daí o dólar começa a agir conforme outros fundamentos... digerindo o novo governo", explicou a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.

Na sexta-feira que antecedeu o primeiro turno das eleições, o dólar recuou 1 por cento e terminou cotado a 3,8570 reais. Nesta tarde, na mínima, foi a 3,6442 reais, acumulando uma queda de 5,52 por cento ou de 21 centavos de real.

Desde então, a liderança do capitão da reserva na votação de 7 de outubro e nas pesquisa de intenção de voto levou investidores a irem pouco a pouco colocando nos preços o cenário em que ele, de fato, leva a Presidência da República.

Na véspera, no entanto, o Datafolha acendeu uma luz amarela ao trazer a redução da diferença entre Bolsonaro e Haddad. Embora tenha continuado ampla, a menor distância entre os dois e o risco de algo sair fora do script justificavam manter nos preços alguma gordura para queimar com a confirmação do cenário principal no dia 28.

A forte queda do dólar em outubro também ocorreu depois de forte valorização da moeda nos meses anteriores, entre outros fatores por nervosismo sobre a incerteza das eleições. De janeiro ao último pregão antes do primeiro turno, o dólar avançou 25 por cento ante o real. Com a mínima intradia no pregão desta sexta-feira, o dólar ainda acumulava alta de 9,95 por cento ante o real no ano.

CREDIBILIDADE

O recuo do dólar ante o real durante a corrida pelo segundo turno nada mais foi do que a precificação da presença do liberal Paulo Guedes na equipe de Bolsonaro como seu principal assessor econômico e provável ministro-chefe da área econômica, responsável por implementar medidas caras ao mercado, como ajuste fiscal, privatizações e reforma da Previdência. Mas esse otimismo entre os investidores só vai se manter se a agenda reformista andar.

"O mercado confia no Paulo Guedes, há a crença de que ele pode atrair investimentos grandes e duradouros para o país, o que significa que pode entrar bastante dinheiro no Brasil e o dólar vai ficar mais barato", avaliou o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.

Desta forma, entre os profissionais do mercado, a moeda entre 3,60-3,70 seria um bom intervalo de preços para esse cenário principal imediato, com potencial adicional de queda com novidades que agradem o mercado, como a confirmação de que Ilan Goldfajn pode permanecer na presidência do Banco Central, cargo que ocupa desde junho de 2016.

"Difícil saber onde vai ficar a moeda, pode ir a 3,50 reais... certo é que para manter a trajetória de queda os ajustes têm que acontecer", concluiu Spyer.

(Edição de Iuri Dantas; MPP)

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Errata: este conteúdo foi atualizado
O candidato à Presidência Jair Bolsonaro é do PSL, e não do PT, como informava a versão original deste texto. O erro foi corrigido.