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Embraer tem prejuízo de R$84 mi no 3º tri, antes de concluir acordo com Boeing

30/10/2018 15h33

Por Marcelo Rochabrun

SÃO PAULO (Reuters) - A Embraer teve prejuízo líquido de 84 milhões de reais no terceiro trimestre, diante de queda nas entregas de jatos comerciais, enquanto trabalha para concluir um acordo para vender 80 por cento da divisão para a Boeing.

O resultado ficou aquém da previsão de consenso de lucro trimestral de 4,2 milhões de reais de analistas ouvidos pela Refinitiv. No terceiro trimestre do ano passado, a empresa tivera lucro de 355 milhões de reais.

A Embraer espera obter aval do governo brasileiro e convocar uma assembleia de acionistas para votar o acordo com a Boeing até dezembro, disse o presidente-executivo Paulo Cesar Silva em teleconferência com analistas. Ele acrescentou que o negócio não deve ser concluído antes do segundo semestre de 2019.

A receita total caiu 12 por cento ante mesma etapa de 2017, e a receita com segmento de aviões comerciais caiu 30 por cento.

O valor dos pedidos firmes em carteira da Embraer, um indicador da receita esperada, atingiu o menor nível em cinco anos, sob impacto da decisão da Jet Blue de mudar de fornecedor para a rival Airbus.

A Embraer também teve que cortar pedidos firmes de 100 jatos comerciais de suas previsões de vendas devido a incertezas se pilotos aceitariam pilotar aviões E175-E2 nos Estados Unidos. Executivos da empresa disseram a analistas que não esperam que as companhias aéreas priorizem mudanças para suspender as restrições a seus aviões.

Os analistas do BTG Pactual classificaram os resultados como fracos, com fraqueza nas margens de toda a linha.

Muito agora depende de a Embraer concluir a venda de 80 por cento do negócio de aviação comercial para a Boeing. A Embraer espera estabilidade ou pequena alta do setor em 2019.

O acordo foi anunciado em julho, mas só após a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República, no domingo, recebeu sinais claros de que o governo deve aprovar a venda.

O provável futuro ministro da Defesa de Bolsonaro disse à Reuters que o presidente eleito é favorável ao acordo, que pode ser aprovado ainda no mandato de Michel Temer.

As ações da Embraer abriram em queda de 1 por cento, depois passaram a seguir a alta do Ibovespa. Por volta das 15h, o papel subia 5 por cento. O Ibovespa avançava 3,3 por cento.

"Não acreditamos que a ação da Embraer esteja precificando o acordo (da Boeing)", disse o BTG Pactual em nota.

A venda da unidade à Boeing forçará a Embraer a sustentar a empresa em grande parte com suas divisões de jatos executivos e de defesa, ambas operando com prejuízo nos últimos trimestres.

A área de jatos executivos teve prejuízo operacional de 32 milhões de reais nos primeiros nove meses do ano, enquanto a de defesa teve prejuízo operacional de 443 milhões de reais.

A empresa espera que a divisão de jatos executivos cresça em 2019, mas não abordou o futuro de sua divisão de defesa, que é em grande parte dependente de contratos militares no Brasil.

A empresa informou que o resultado negativo da divisão de defesa deveu-se a um evento isolado, após o protótipo do KC-390 saiu da pista durante um teste em solo, atrasando a entrega e aumentando os custos de desenvolvimento.