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Daly quer altas graduais dos juros, diz que Fed não está no piloto automático

12/11/2018 18h15

IDAHO FALLS, Idaho (Reuters) - Com a economia dos EUA em pleno emprego e a inflação provavelmente um pouco acima da meta de 2 por cento no ano que vem, o Federal Reserve deveria continuar a aumentar os juros gradualmente, disse nesta segunda-feira a mais nova integrante do grupo de autoridades que vota sobre a política monetária do banco central dos EUA.

"Eu vejo esse gradualismo como um processo de aprendizagem contínua, guiado por dados", disse a presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, em seu primeiro discurso público desde que assumiu o posto no mês passado.

"Isto é, nós podemos adotar uma ação política, esperar, aprender sobre a resposta da economia, e repetir. As informações reunidas por meio desta abordagem gradual é crucial para determinar a velocidade e o tamanho dos ajustes políticos subsequentes."

Essa visão coloca Daly, que vota no comitê de política monetária do Fed neste ano, no centro do espectro político do banco central dos EUA. O Fed vem elevando as taxas de juros em 0,25 ponto percentual a cada trimestre o ano todo, e é esperado que ele faça isso de novo quando se reunir no mês que vem.

As altas graduais de juros não devem desacelerar a expansão econômica atual, que Daly disse nesta segunda-feira parece "destinada" a se tornar o mais longo período sem recessão na história dos EUA, até algum momento no ano que vem, acreditam a maioria dos membros votantes do Fed.

Em setembro, quando divulgaram as previsões econômicas mais recentes, os banqueiros centrais dos Estados Unidos esperavam continuar elevando os juros no próximo ano.

Daly disse que o ritmo irá depender de como reage a economia, alimentada atualmente por cortes de impostos e gastos do governo nos EUA e crescimento global.

"O (Fed) não está no piloto automático, com aumentos trimestrais de juros programados", disse Daly em comentários a um grupo de desenvolvimento econômico regional. "Estamos constantemente olhando os dados e ajustando, como necessário, o caminho da política monetária em resposta."

Por agora, disse ela, a economia dos EUA está "muito bem" com um mercado de trabalho em expansão --desemprego a 3,7 por cento nacionalmente-- e uma perspectiva inflacionária que é "muito alentadora". Porém, disse ela, algumas pessoas permanecem às margens, e muito ainda pode ser feito tanto para elevar a permanência na escola e a participação na força de trabalho.

Em particular, sugeriu Daly, os EUA podem ter boa parte de sua força de trabalho feminina em ociosidade por causa de leis fracas de licença maternidade. Citando um estudo que deve ser divulgado no dia seguinte, Daly pontuou que as mulheres canadenses participam da força de trabalho em níveis muito mais altos que suas colegas nos Estados Unidos.

"Eu não estou defendendo que adotemos o sistema canadense ou recomendando nenhuma política pública em particular", disse Daly, uma estudiosa de raça e gênero na força de trabalho.

"Mas a comparação com o Canadá, bem como com outras nações industrializadas, mostra que políticas públicas importam e que, com a mistura certa de habilidades e apoio, há um potencial significativo para aumento da participação na força de trabalho dos EUA."

(Reportagem de Ann Saphir)