GM vai cancelar modelos e cortar produção e empregos na América do Norte
Por Joseph White e David Shepardson
DETROIT/WASHINGTON (Reuters) - A General Motors
O anúncio marca a maior reestruturação da maior montadora de veículos da América do Norte desde que foi resgatada pelo governo dos Estados Unidos uma década atrás.
O presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizou os riscos políticos que a GM enfrenta, ao exigir que a montadora encontre um novo veículo para construir em Ohio e revelar que disse à presidente-executiva da GM, Mary Barra, estar insatisfeito com a decisão da montadora de cortar a produção numa fábrica em Ohio. Ohio será um Estado-chave na campanha presidencial de 2020.
"Nós não gostamos", disse Trump. "Este país fez muito pela General Motors, é melhor voltarem para lá."
Fábricas norte-americanas sinalizaram possível cortes de quase 15 mil empregos se necessário para se manterem fortes à medida que investem em novas tecnologias e novos negócios, como os serviços de robô-táxi.
As ações da GM subiram até 7,8 por cento após o anúncio, e fecharam em alta de quase 6 por cento. As ações das rivais Ford e Fiat Chrysler, também subiram.
A GM planeja interromper a produção no próximo ano em três fábricas: a de carros de passeio em Ohio; o complexo Detroit-Hamtramck em Detroit; e o complexo de montagem de Oshawa, Ontário, perto de Toronto.
Também vai parar vários modelos montados nessas fábricas, incluindo o Chevrolet Cruze, o híbrido Chevrolet Volt, o Cadillac CT6 e o Buick LaCrosse. O carro compacto Cruze será descontinuado no mercado dos EUA em 2019.
As fábricas em Baltimore, Maryland, e a de Michigan correm risco de fechamento. A empresa disse que também fechará duas fábricas fora da América do Norte, mas não detalhou.
A GM também está se movendo para reduzir os gastos de capital, mesmo quando diz que dobrará os recursos destinados aos veículos elétricos e autônomos nos próximos dois anos.
A GM prometeu no ano passado lançar uma frota de 20 novos veículos elétricos na América do Norte até 2023, juntamente com pelo menos 10 novos veículos elétricos na China até 2020.
A GM também está aumentando contratações na unidade de veículos autônomos GM Cruise, pressionando por desafios técnicos e cumprindo o plano para lançar um serviço de robô-táxi em 2019.
Mesmo com os maiores gastos com veículos elétricos e autônomos, a GM planeja reduzir o dispêndio anual de capital para 7 bilhões de dólares até 2020, de uma média de 8,5 bilhões por ano durante o período 2017-19.
As pressões de custo sobre a GM e outras montadoras aumentaram. A companhia disse que as tarifas sobre o aço importado, impostas no começo do ano pelo governo Trump, custaram 1 bilhão de dólares.
As ações da GM provocaram a ira de figuras políticas de ambos os lados da fronteira entre EUA e Canadá, e dos principais sindicatos norte-americanos.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse que falou com Barra e expressou "profunda decepção".
A GM disse que terá gastos antes de impostos de 3 bilhões a 3,8 bilhões de dólares devido à descontinuidade de investimentos, mas espera que as ações melhorem o fluxo de caixa livre anual em 6 bilhões de dólares até o fim de 2020.
OITO MIL CORTES
A força de trabalho da GM na América do Norte, incluindo engenheiros e executivos, diminuirá em 15 por cento, ou cerca de 8 mil empregos. A empresa disse que reduzirá os executivos em 25 por cento para "simplificar a tomada de decisões".
Mesmo demitindo pessoal, a empresa está contratando. Na sede da GM em Detroit havia cartazes direcionando as pessoas para uma "nova orientação de contratação".
Barra disse que a GM pode reduzir o gasto anual de capital em 1,5 bilhão de dólares e aumentar o investimento em veículos elétricos e autônomos e na tecnologia de veículos conectados, porque já concluiu investimentos em novas gerações de caminhões e utilitários esportivos.
Cerca de 75 por cento de suas vendas globais virão de apenas cinco modelos de veículos até o início de 2020, o que significa que a GM pode reduzir as pessoas e o capital necessário para manter seu portfólio de produtos atualizado.
Diferente das montadoras japonesas Nissan, Honda e Toyota, que contam com um sistema mais flexível, onde montam vários veículos em uma única fábrica, a GM tem muitas fábricas que fazem apenas um único modelo.
As fábricas de montagem Hamtramck e Lordstown estão operando atualmente com um turno. Uma regra básica para a indústria automotiva é que, se uma fábrica estiver operando abaixo de 80 por cento da capacidade, estará perdendo dinheiro. A GM tem várias fábricas funcionando bem abaixo disso, e Barra disse que as operações norte-americanas em geral estavam operando a 70 por cento da capacidade. ((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447753)) REUTERS AAJ AAP ES
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