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Leilão de distribuidora da Eletrobras fica para dia 28; estatal vê interessados

17/12/2018 18h30

Por Rodrigo Viga Gaier e Luciano Costa

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O leilão de privatização da distribuidora de energia da Eletrobras no Alagoas, a Ceal, foi adiado para 28 de dezembro, em meio a pedidos de investidores por mais informações sobre o ativo antes da licitação, antes agendada para dia 19, disse à Reuters nesta segunda-feira o presidente da estatal.

Se tiver sucesso, o certame marcará a saída completa da Eletrobras do segmento de distribuição de eletricidade, no qual a companhia já conseguiu vender cinco subsidiárias que acumularam prejuízos bilionários nas últimas décadas.

"Houve muita solicitação de informação na última semana, inclusive ontem. Considerou-se melhor... conferir prazo adicional para manter a atratividade do leilão", explicou à Reuters o CEO da elétrica federal, Wilson Ferreira Jr.

A Eletrobras informou a postergação mais cedo, em fato relevante, mas sem comentar os motivos para a mudança no cronograma.

Com as mudanças, a entrega de documentos pelos interessados na licitação foi agendada para 27 de dezembro, entre 9h e 12h. Essa fase estava prevista originalmente para esta segunda-feira.

A distribuidora do Alagoas, cuja venda atrasou em função de uma ação judicial do governo do Estado contra o leilão, é vista por muitos especialistas como a menos problemática entre as distribuidoras da Eletrobras, ao lado da Cepisa, do Piauí, já adquirida pela Equatorial Energia.

Na semana passada, a consultoria Thymos Energia apontou que a própria Equatorial, a Energisa e a Neoenergia, da espanhola Iberdrola, são vistas como potenciais interessadas na elétrica do Alagoas.

O presidente da Eletrobras não fez comentários sobre possíveis interessados na Ceal.

A mudança na data do leilão da empresa também está relacionada às barreiras judiciais à privatização. Ferreira lembro que o leilão da subsidiária chegou a ser suspenso por liminar, o que levou a um fechamento temporário da sala de informações sobre a companhia, reaberta após a cassação da decisão no fim da semana passada.

CONSOLIDAÇÃO NO SETOR

As vendas de ativos de distribuição pela Eletrobras têm acelerado um movimento de consolidação, com grandes empresas que já atuam no setor aproveitando a oportunidade para crescer.

A brasileira Energisa, por exemplo, comprou distribuidoras em Rondônia e no Acre em meio às privatizações da estatal.

Os grupos Oliveira Energia e ATEM Distribuidora de Petróleo, da região Norte, também venceram leilões de desestatização da Eletrobras --em consórcio, arremataram as distribuidoras da companhia em Roraima e no Amazonas.

Já a Neoenergia, da Iberdrola, não chegou a participar dos leilões da estatal, mas mostrou interesse em expansão ao travar no primeiro semestre uma disputa com a italiana Enel pela aquisição da distribuidora paulista Eletropaulo.

A batalha foi afinal vencida pelos italianos, que com o negócio ganharam a liderança em distribuição de eletricidade no Brasil. A primeira posição era ocupada anteriormente pela CPFL, controlada pelos chineses da State Grid.

Apesar de intensos investimentos no Brasil nos últimos anos, a CPFL não participou de leilões da Eletrobras até o momento. O grupo chegou a avaliar os ativos da estatal no Nordeste, mas a chance de sua participação na disputa é atualmente vista como remota por analistas.

(Por Rodrigo Viga Gaier e Luciano Costa)