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Bradesco amplia uso de análise de dados para impulsionar crédito

20/12/2018 15h36

Por Carolina Mandl

SÃO PAULO (Reuters) - O Bradesco espera ampliar os limites de crédito de muitos clientes em 2019 graças a novas ferramentas que medem de melhor maneira a renda dos correntistas a partir de fontes como trabalhos temporários, como "bicos", e aluguel de imóveis, afirmou um executivo nesta quinta-feira.

As novas ferramentas vão elevar a renda avaliada dos correntistas em uma média de 41 por cento, afirmou o vice-presidente executivo do Bradesco, Eurico Fabri.

No mundo todo, bancos e empresas de análise de crédito estão buscando ampliar o uso de ferramentas não convencionais para entender o risco de calote dos clientes. Isso ocorre em meio a uma gradual recuperação da economia brasileira e da dificuldade dos bancos em elevar suas carteiras de crédito.

O Bradesco, segundo maior banco privado do país, também está incluindo em seus cálculos novos dados que está recolhendo de contas correntes e de poupança, bem como de fontes como contas de TV paga e eletricidade.

A cada mês, o Bradesco processa 369 milhões de transações em contas correntes e 296 milhões de pagamentos.

Apesar disso, Fabri afirma que é difícil determinar o quanto os limites maiores de crédito permitidos pelas novas ferramentas de medição de renda poderão impactar os empréstimos do banco em 2019.

“A expansão da carteira de crédito depende não apenas da oferta, mas também da demanda”, disse o executivo. “Até agora não está claro o quanto a demanda vai crescer.”

Em teste realizado em um grupo de controle no terceiro trimestre, o Bradesco afirmou que o número de clientes aptos a contrair empréstimos pessoais subiu 36 por cento. Em média, isso significa que as concessões de crédito quase dobraram ante um grupo similar de clientes avaliado sob ferramentas tradicionais de análise.

A ciência de dados é um instrumento importante para os bancos brasileiros uma vez que o país não possui um sistema efetivo de registro de pontuação de crédito.

Embora os bancos tenham discutido com autoridades a criação de um cadastro positivo, semelhante aos usados nos Estados Unidos, até agora cada banco tem que depender de seu próprio sistema para determinar se concede ou não um empréstimo.

“A ausência deste tipo de cadastro positivo prejudica a capacidade dos bancos em determinar limites de crédito para os consumidores”, disse Robert Duque-Ribeiro, diretor executivo da Accenture Analytics para Brasil e América Latina.

O rival maior do Bradesco, Itaú Unibanco, afirmou que ampliou os empréstimos disponíveis em até 25 por cento ao longo dos últimos dois anos graças a tecnologias de análise de grandes volumes de dados (big data) e de aprendizagem de máquina.