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Bolsonaro pode levar pessoalmente texto da reforma da Previdência ao Congresso

18/02/2019 14h06

Por Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro poderá levar pessoalmente ao Congresso o texto da reforma da Previdência, em uma forma de colocar diretamente seu peso de presidente recém-eleito por trás do projeto.

As informações foram repassadas à Reuters pela assessoria de comunicação da Presidência.

O Palácio do Planalto estuda ainda um pronunciamento de Bolsonaro para explicar à população a necessidade da reforma. O formato também ainda não está decidido. A primeira intenção é que seja usada rede nacional de rádio e tevê, que tem alcance maior, especialmente para a população mais pobre.

No entanto, não está descartado o uso das redes sociais, como meio principal ou pelo menos em paralelo, já que Bolsonaro faz uso constante das redes e tem hoje mais de 3,3 milhões de seguidores no Twitter.

O presidente também deve se reunir em algum momento desses dias iniciais com líderes partidários para apresentar a reforma, como havia prometido fazer ainda na transição. Na quarta-feira, já tem um café da manhã com a bancada do PSL, e outro café, na quinta, a demais líderes com quem pretende consolidar sua base.[nL1N20A1VP]

A intenção do Planalto é que Bolsonaro assuma a defesa do projeto nesses primeiros momentos para dar a ele o peso presidencial. Depois, no entanto, caberá ao secretário da Previdência, Rogério Marinho, seguir com as explicações e apresentação da proposta de reforma, que é bastante complexa.

VACINA

O governo e seus aliados no Congresso têm insistido na necessidade de uma campanha ampla para a população sobre a necessidade da reforma. Uma das críticas principais à proposta apresentada pelo ex-presidente Michel Temer --que, na versão final, era menos dura do que deverá ser a de Bolsonaro-- foram as dificuldades de comunicação e o fato de a população ser majoritariamente contra a reforma.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, é um dos que tem batido nesta tecla. O general defende publicamente uma campanha de convencimento, "com a linguagem do homem comum", para mostrar que no atual sistema os mais jovens não terão direito a se aposentar por falta de recursos.

As campanhas do governo Temer atacaram o mesmo ponto, além de tentar passar a ideia de que iria acabar com os privilégios dos servidores públicos. No entanto, aliados alegam que ela chegou tarde, quando já estava formada na cabeça das pessoas uma ideia negativa.

No Legislativo, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que antes de se eleger era jornalista, defende uma grande "força tarefa" de comunicação para apresentar a "Nova Reforma", como vem se referindo à proposta.

"A gente vai vencer essa batalha é na comunicação, a gente não pode cometer o mesmo erro que Michel Temer cometeu, deixar aqui o texto da reforma dele sangrando durante meses, e aí quando eles resolveram dar uma resposta em relação à comunicação já era tarde demais", disse a deputada.

Joice defende que o esforço de comunicação combata "mentiras" sobre a proposta, como a afirmação de que a medida prejudicará os mais pobres, e forneça argumentos para a defesa de sua aprovação.

"Se a gente sabe que está chegando o vírus, tem que dar a vacina antes, e a vacina para essas armadilhas da esquerda é a comunicação."