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Agroconsult eleva previsão de safra de soja 2018/19 do Brasil a 118 mi t

28/03/2019 17h21

Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja 2018/19 do Brasil, em fase final de colheita, deve alcançar 118 milhões de toneladas, projetou nesta quinta-feira a Agroconsult, em um aumento ante os 116,4 milhões previstos em fevereiro, diante de bons rendimentos em certas áreas colhidas tardiamente, sobretudo Rio Grande do Sul e Matopiba.

O volume, na mais otimista das estimativas publicadas por especialistas e instituições, fica 3,3 por cento aquém do recorde de 122 milhões de toneladas considerados pela consultoria para 2017/18.

Oficialmente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) diz que o país colheu 119,3 milhões de toneladas de soja no ano passado, mas para o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, foi necessário realizar um ajuste na metodologia da consultoria, de modo a refletir as exportações históricas de 2018.

A associação da indústria de soja, a Abiove, também revisou seus números.

De qualquer forma, a nova estimativa da Agroconsult representa um forte tombo em relação ao que se esperava para o ciclo vigente na época da semeadura, que alcançou históricos 36 milhões de hectares, segundo a consultoria.

Chuvas regulares durante o plantio levaram o mercado a apostar em uma safra de soja superior a 120 milhões de toneladas. A própria Agroconsult chegou a ver potencial para 129 milhões, quantidade que colocaria o Brasil como rival dos Estados Unidos pelo posto de maior produtor do mundo.

Uma estiagem marcada por altas temperaturas entre dezembro e janeiro, contudo, derrubou a produtividade das lavouras, e o mercado começou a rever suas previsões, consolidando suas apostas em torno de 114 milhões de toneladas, conforme pesquisa da Reuters divulgada na véspera.

"Foi uma safra com início muito bom, melhor início que a gente já viu... (Mas) o clima foi irregular em todas as regiões. O clima seco em dezembro encurtou o ciclo e diminuiu o peso dos grãos", disse Pessôa, durante coletiva em São Paulo para apresentar os resultados do Rally da Safra.

Ainda segundo ele, “com o que vimos no Matopiba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), com o que vimos no Rio Grande do Sul, justifica-se esse número (de safra)”.

As duas áreas mencionadas foram bem menos impactadas pelo clima adverso da virada de ano, se comparado a Mato Grosso do Sul e Paraná, por exemplo, onde as perdas chegaram a 40 por cento.

A safra gaúcha “deve ser a melhor” que o Estado já viu, segundo Pessôa, com produtividade de 57,6 sacas por hectare, de 54,4 sacas no ciclo anterior.

EXPORTAÇÃO

A Agroconsult prevê ainda exportações de 67 milhões de toneladas de soja pelo Brasil neste ano, ante 70,2 milhões na projeção anterior e abaixo do recorde de 84 milhões de toneladas no ano passado, quando os embarques nacionais foram favorecidos pela disputa comercial entre EUA e China.

“Essa revisão é em função das exportações norte-americanas e da safra argentina”, disse Pessôa, referindo-se aos amplos estoques dos EUA disponíveis para vendas e à forte recuperação na produção da Argentina, terceiro maior produtor global de soja.

A divulgação dos dados ocorre conforme a consultoria acaba de finalizar a primeira etapa do Rally da Safra, expedição técnica que percorreu as principais regiões produtoras da oleaginosa no Brasil entre janeiro e março.

A Reuters acompanhou os trabalhos do Rally da Safra na virada de janeiro para fevereiro, visitando lavouras no norte de Mato Grosso do Sul, sudoeste de Goiás e sudeste de Mato Grosso.