EUA aliviam restrições à Huawei; fundador diz que Washington subestima empresa chinesa
NOVA YORK/XANGAI (Reuters) - Os Estados Unidos aliviaram temporariamente as restrições comerciais à chinesa Huawei para minimizar os transtornos a seus clientes, medida que o fundador da maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do mundo disse ter pouco significado porque ela já estava preparada para a ação dos EUA.
O Departamento do Comércio dos EUA proibiu a Huawei Technologies [HWT.UL] de comprar produtos norte-americanos na semana passada, dizendo que a empresa estava envolvida em atividades que apresentavam risco à segurança nacional dos EUA.
A decisão ocorreu em meio a uma crescente disputa sobre as práticas comerciais entre Pequim e Washington. Os dois países aumentaram as tarifas de importação sobre produtos um do outro nas últimas duas semanas, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que a China havia quebrado compromissos anteriores feitos durante meses de negociações.
Na segunda-feira, o Departamento de Comércio concedeu à Huawei uma licença de compra de produtos dos EUA até 19 de agosto para manter as redes de telecomunicações existentes em atividade e fornecer atualizações de software para smartphones Huawei.
A empresa chinesa ainda está proibida de comprar hardware e software produzidos nos EUA para fabricar novos produtos sem licenças adicionais, que são difíceis de obter.
A medida tem o objetivo de dar às operadoras de telecomunicações que dependem de equipamentos da Huawei tempo para fazer outros planejamentos, disse o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, em comunicado na segunda-feira.
"Em suma, esta licença permitirá que as operações continuem para os atuais usuários de telefones celulares da Huawei e redes rurais de banda larga", disse Ross.
O fundador da Huawei, Ren Zhengfei, disse na terça-feira em uma série de entrevistas à mídia estatal chinesa que o alívio não tem muito significado para a fabricante de equipamentos de telecomunicação, pois empresa já estava se preparando para tal cenário.
"As ações do governo dos EUA no momento subestimam nossas capacidades", disse Ren em entrevista à CCTV, de acordo com uma transcrição publicada pela emissora estatal chinesa.
A licença temporária sugere que mudanças na cadeia de suprimentos da Huawei podem ter consequências imediatas, de longo alcance e não intencionais para seus clientes.
O Departamento de Comércio informou que vai avaliar se prolonga o período de licença para além dos 90 dias.
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