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Brasil abre 48.436 vagas formais de trabalho e tem melhor junho em 6 anos, aponta Caged

25/07/2019 10h03

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil registrou criação líquida de 48.436 vagas formais de emprego em junho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta quinta-feira pelo Ministério da Economia, no melhor dado para o mês desde 2013, embalado pelo setor de serviços.

O resultado também veio acima das estimativas de analistas consultados em pesquisa da Reuters, que projetavam abertura de 34 mil postos. No acumulado do primeiro semestre, foram criadas 408.500 vagas, na série com ajustes, apontou ainda o Caged, desempenho mais forte para o período desde 2014 (+588.671 postos).

Para o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, o fato de o desempenho de janeiro a junho ter ficado acima do registrado em igual etapa de 2018 pavimenta o caminho para o resultado consolidado deste ano também vir melhor.

Em coletiva de imprensa, ele avaliou que a liberação de recursos do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), cujas regras foram anunciadas pelo governo na véspera, devem dar um impulso à economia e ajudar na criação de empregos.

"São medidas importantes para a retomada da saúde financeira das pessoas, dos consumidores simples, são medidas importantes para retomada da confiança do consumidor, para que pessoas consigam pagar suas dívidas", disse.

Ele ressalvou, contudo, que só essas iniciativas, incluindo a reforma da Previdência, não bastam para resolver situação econômica do mercado de trabalho brasileiro, após o país sair de anos de "recessão muito grave".

Para Dalcolmo, os capitais externos serão indispensáveis para o projeto de privatização almejado pelo governo Jair Bolsonaro ir adiante, o que deverá injetar novos recursos à economia.

Ele também afirmou que a Medida Provisória da Liberdade Econômica, proposta pelo governo para desburocratizar a abertura e gestão de negócios, terá a possibilidade de gerar "dezenas de milhares de empregos" somente com o aval dado, de maneira mais irrestrita que hoje, para o trabalho aos domingos e feriados. A MP ainda demanda aprovação pelo Congresso Nacional.

DETALHAMENTO Dos oito setores pesquisados pelo Caged, seis ficaram no azul em junho, com destaque para serviços (+23.020 vagas), agropecuária (+22.702) e construção civil (+13.136).

Indústria de transformação e comércio responderam pelo fechamento de empregos no mês, com 10.988 e 3.007 vagas encerradas, respectivamente.

De janeiro a junho, o saldo positivo do setor de serviços encabeçou o ranking compilado pelo Caged, com 272.784 vagas criadas. Na lanterna, o comércio fechou 88.772 postos.

"A explicação que eu daria (para o dado negativo do comércio) é o desempenho fraco da economia em geral. Em geral, o comércio emprega pessoas de qualificação média, supermercados, pequenos comércios, e é onde mais a crise econômica é sentida", avaliou o assessor da Secretaria de Trabalho, Mateus Stivali. Nos três meses até maio -- último dado disponível divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística --, a taxa de desemprego brasileira foi a 12,3%, de 12,5% no trimestre até abril e 12,7% no mesmo período do ano passado. Com isso, o número de desempregados no Brasil ficou abaixo de 13 milhões pela primeira vez desde o início do ano. Apesar da melhoria, o mercado de trabalho mostra que ainda sofre com a deterioração econômica ao registrar números recordes de desalentados e subutilizados.

(Por Marcela Ayres)