Parlamentares dos EUA acusam Boeing de dizer 'meias verdades' em caso 737 MAX
O presidente-executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, enfrentou intenso questionamento de parlamentares dos Estados Unidos durante audiência para tratar sobre o que a companhia sabia a respeito da relação de um sistema de segurança computadorizado com as quedas de dois jatos 737 MAX que mataram centenas de pessoas entre 2018 e este ano.
A audiência, a mais importante sobre segurança na aviação comercial nos EUA em anos, pressionou uma equipe de gestão recentemente indicada pela Boeing que está correndo para recuperar a confiança de companhias aéreas e passageiros no 737 MAX após as quedas que mataram 346 pessoas.
"Vocês me contaram meias verdades várias vezes", disse a senadora Tammy Duckworth a Muilenburg, questionado porque a Boeing não revelou mais detalhes sobre a falta de salvaguardas do sistema antistall MCAS, que tem sido citado como uma das causas das quedas dos aviões. "Você não disse toda a verdade e estas famílias estão sofrendo por causa disso."
Muilenburg reconheceu erros da Boeing em não dar aos pilotos mais informações sobre o MCAS antes das quedas, bem como ao levar meses para revelar que tinha tornado opcional um alarme que alerta os pilotos sobre dados de conflituosos no 737 MAX.
"Cometemos erros e algumas coisas deram errado. Estamos melhorando e estamos aprendendo", disse o executivo.
O senador Jon Tester afirmou que a Boeing, que está tentando selar a compra da divisão de aviação comercial da Embraer, recebeu permissão da agência norte-americana FAA para não instalar novos alertas para a tripulação nos 737 MAX porque isso seria caro. "Isso não teria acontecido se a FAA tivesse feito seu trabalho e isso também não teria acontecido se vocês soubessem o que diabos estava acontecendo", disse Tester.
Tester, um senador de Montana que viaja de avião duas vezes por semana, afirmou que mudanças de larga escala são necessárias "Eu ficaria longe do 737 MAX. Longe...Vocês não deveriam ter tomado atalhos e o que eu vejo é que atalhos foram tomados."
Se revezando nas críticas a Muilenburg durante sua primeira audiência no Congresso dos EUA desde a queda do primeiro 737 MAX na Indonésia, os senadores norte-americanos indicaram que a Boeing não foi completamente honesta e expressaram decepção com o fato de mensagens de 2016 não terem causado uma reação imediata da companhia.
O senador Ted Cruz afirmou que ele não conseguiu entender porque as mensagens não geraram uma resposta imediata da administração sênior da Boeing, e afirmou que a conversa sobre os problemas "descreve o que aconteceu com os voos da Lion Air e da Ethiopian Airlines."
Ele questionou por que Muilenburg não leu as mensagens antes. "Como a sua equipe não chamou sua atenção, dizendo que vocês tinham um problema real?", disse Cruz.
A audiência desta terça-feira marca a mais ampla aceitação de responsabilidade da Boeing pelos erros que levaram às quedas dos dois 737 MAX.
Apesar do duro questionamento, as ações da Boeing subiram mais de 2 por cento em Nova York.
O senador Roger Wicker questionou Muilenburg sobre o atraso da Boeing na divulgação das mensagens, nas quais um ex-piloto de teste descreve comportamento errático de uma versão de simulador do sistema MCAS e também menciona dificuldade de operação em relação às exigências de treinamento.
Wicker afirmou que tais mensagens revelaram um "nível perturbador de pouco caso e insensatez".
A FAA está exigindo significativas novas medidas de segurança sobre o MCAS antes que o 737 MAX, que teve voos suspensos em todo o mundo no início do ano, possa operar de novo.
Em um ponto da audiência, o senador Richard Blumenthal se referiu ao 737 MAX como "caixão voador".
Questionado se ele vai renunciar, Muilenburg disse que "não é onde o meu foco está".
"Estes dois acidentes ocorreram durante minha gestão e eu tenho senso de responsabilidade", disse Muilenburg, que perdeu o posto de presidente do conselho da Boeing no início deste mês.
Perguntando por que a Boeing não suspendeu os voos do 737 MAX após a queda do voo da Lion Air, no ano passado, o executivo respondeu: "Se pudéssemos voltar atrás, teríamos tomado uma decisão diferente."
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