Guedes volta a defender desoneração da folha e prevê "trilhões" de dólares em investimentos em saneamento
A tributação incidente sobre a folha de pagamentos das empresas brasileiras é "uma arma de destruição em massa" de empregos no Brasil, disse hoje o Ministro da Economia, Paulo Guedes, que num discurso de tom mais social também destacou que investimentos em saneamento, saúde e educação são fundamentais para um crescimento sustentado da economia.
Na abertura de um seminário no BNDES, Guedes afirmou que há "trilhões de dólares lá fora" querendo ingressar no país para projetos de saneamento, área que, segundo ele, precisa avançar também para reduzir a mortalidade infantil e aumentar a expectativa de vida ao nascer no país.
Ao comentar os dados do PIB no terceiro trimestre, quando a economia cresceu 0,6% frente ao período anterior, o ministro disse que a atividade "econômica já começou a reagir", mas ao longo do discurso afirmou que às vezes é melhor um país crescer em um nível mais baixo de forma contínua do que de forma artificial e irregular.
"Não adianta forçar o crescimento, tem que deixar a democracia moldar o Estado brasileiro", avaliou ele. "Crescimento sustentado exige investimento em saúde, educação e saneamento."
Guedes defendeu a desoneração da folha de pagamentos como forma de aumentar a geração de postos de trabalho e a redução do desemprego no Brasil, que ficou em 11,6% em outubro.
"Um país que tem encargos trabalhistas como imposto sobre folha de pagamento e duplica o custo da mão de obra não quer gerar emprego", disse ele.
A equipe econômica já indicou que a desoneração da folha deve ser a última etapa do processo de reforma tributária, que deve ser encaminhada ao Congresso em fases. A ideia original era que essa perda de receita fosse compensada com a criação de um tributo sobre pagamentos, mas essa estratégia foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro.
O ministro destacou, ainda, que o papel do BNDES na gestão Bolsonaro será a de priorizar projetos sociais com impacto na vida das pessoas e voltou a criticar a política de "campeões nacionais" que ele disse ter vigorado no passado, com a concentração de empréstimos vultosos para grandes empresas.
"Isso foi uma máquina da transferência perversa de renda", afirmou.
Guedes reiterou, ainda, que as despesas do setor público com juros vão cair cerca de 96 bilhões de reais no próximo ano como resultado da redução da taxa básica de juros.
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