Presidente da Oi deixará empresa em 30 de janeiro; conselho escolherá substituto
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) — O presidente-executivo da Oi, Eurico Teles, afirmou nesta terça-feira que vai sair da companhia em recuperação judicial em 30 de janeiro do próximo ano e que o conselho de administração da operadora escolherá um substituto para ele. Em entrevista a jornalistas convocada após a empresa ser alvo de operação da Polícia Federal mais cedo, o vice-presidente de operações da Oi, Rodrigo Abreu, afirmou também que a saída de Teles da empresa não tem relação com a ação das autoridades que investigam supostos pagamentos irregulares para uma empresa parcialmente controlada pelo filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Estou aqui há 38 anos e essa companhia é só pepino. É só pepino, tanto que foi para recuperação judicial. Por quê? Tinha dívida imensa, receita decadente, serviço fixo decadente", disse Teles durante a entrevista.
"Minha saída não nada a ver uma coisa com a outra. Um termo de transição protocolado na justiça e homologado em julho. Ele já apontava para isso e vou ficar na companhia até 30 de janeiro...vocês mesmo têm dito na imprensa que o Eurico vai sair e que o Rodrigo vai assumir", complementou o executivo
Teles frisou que a reunião do conselho de administração para indicação do novo presidente-executivo da Oi ainda não tem data marcada.
Questionado quando a companhia poderia concluir a recuperação judicial concedida em 2017, Teles afirmou que "é difícil você falar (sobre o fim da RJ). Nós peticionamos o não-encerramento (da RJ) porque achamos que a companhia já cumpriu tudo (estabelecido na RJ), mas tem muito a realizar".
Na sexta-feira passada, a Oi informou o mercado que pediu à Justiça mais tempo para concluir o processo de recuperação judicial, cujo prazo de supervisão termina em fevereiro de 2020.
O requerimento apresentado à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, sustenta que a prorrogação não traz mudanças para a situação atual do grupo e não tem impacto quanto ao cumprimento do plano, nem em relação a créditos, nem a eventuais novos recursos que forem obtidos.
"A companhia fez esse pedido porque o plano de recuperação judicial vem sendo cumprido com integral sucesso, não deixamos de fazer nada que estava no plano e cumprimos todas as métricas... pedimos que não o juiz não levante a recuperação judicial e estenda para permitir que a execução bem-sucedida do plano continue a acontecer", disse Abreu.
O executivo destacou que ao fim deste ano, a Oi está chegando a quase 5 milhões de residências o Brasil com fibra ótica e possui mais de 600 mil clientes conectados. O plano é levar a fibra a 16 milhões de residências até o final de 2021.
"Já chegamos a um ritmo de ativação de usuários em fibra superior a 100 mil por mês", disse Abreu. "Queremos nos valer dessa infraestrutura ímpar de fibra para sustentar os negócios da companhia", acrescentou. Abreu afirmou que a Oi iniciou auditorias internas para saber se houve falhas em repasses feitos no passado e que os inquéritos foram iniciados em setembro do ano passado. Apesar disso, Teles afirmou que uma operação de compra de capital feita pela Oi na Gamecorp, alvo da operação da PF, foi lícita e que ele não soube de nenhuma influência política.
"A gente está fornecendo todas as informações necessárias e solicitadas que embasam a investigação da Polícia Federal", disse Abreu. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), há evidências de que parte de uma quantia total de 132 milhões de reais pagos pela Oi/Telemar à Gamecorp/Gol — que tem Fábio Luis Lula da Silva como sócio — foi utilizada para a aquisição de um sítio em Atibaia (SP) no interesse de Lula. Recentemente, o ex-presidente teve condenação confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) em outro caso relativo à mesma propriedade.
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