B3 recua após arbitragem sobre acesso à central depositária abrir espaço para concorrente
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - As ações da B3 recuavam fortemente nesta segunda-feira, após a conclusão de negociação de preço e demais condições para a prestação de serviços de transferência de valores mobiliários (serviços de CSD) com a Americas Trading Group (ATG) para acesso a sua central depositária.
"Como resultado desse processo, foi firmado contrato que estabelece as condições para a prestação de Serviços de CSD para o mercado de renda variável por parte da B3", disse em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
De acordo com a B3, entre outras cláusulas, o contrato estabelece Taxa de Transferência de Ativos (TTA) base a ser aplicada pela B3 sobre as transações que processar de 0,26 pontos básicos, sobre o que serão aplicados descontos de acordo com o crescimento dos volumes totais do mercado.
A questão foi solucionada por meio de procedimento de mediação, disse a B3.
Por volta das 14:30, as ações da B3 caíam 5,50%, a 46,41 reais, maior declínio do Ibovespa, que oscilava ao redor da estabilidade. Vale citar que, no ano, os papéis da B3 acumulam valorização de cerca de 78%.
Na visão do analista Luiz Azevedo, do Banco Safra, este era o último passo para possibilitar a entrada de um concorrente no mercado de renda variável, no caso, para o segmento Bovespa. A B3 até hoje domina sozinha esse mercado no Brasil.
Para Azevedo, a entrada da ATG no mercado agora "dependerá da sua própria capacidade de se conectar à B3 e conseguir massa crítica de corretoras para operar em sua plataforma".
Analistas do Credit Suisse liderados por Marcelo Telles disseram que, embora o reequilíbrio fosse amplamente esperado, uma vez que o processo de arbitragem foi um ponto importante de discussão do caso de investimento da B3, a tarifa de 0,26 bps de volumes é cerca de 40% menor que a proposta inicial da B3.
"Observamos, no entanto, que a nova tabela de preços - referente à negociação e outras taxas pós-negociação - deve ser anunciada em breve, pois a arbitragem foi o último gargalo para que isso acontecesse."
"Nesse momento, é cedo para avaliar o impacto nas receitas, pois depende da nova tabela de preços a ser anunciada. Porém, como sensibilidade, no pior cenário, em que a empresa absorve totalmente as taxas mais baixas de depositário e não aumenta outras taxas de negociação/pós-negociação para compensar o impacto, ela representa impacto negativo de aproximadamente 1,4% em nossas (estimativas de) receitas para 2020e (2,5% do EBT)."
Fundada em 2010 por ex-executivos da corretora Ágora, a ATG vende serviços de negociação eletrônica na bolsa a corretoras de ações e gestores de recursos, mas ficou mais conhecida dois anos depois quando anunciou planos de criar uma plataforma eletrônica para concorrer com a B3, então BM&FBovespa. (http://bit.ly/2QcQ6v5)
No final de 2017, a ATG conectou-se ao serviço de depositária da B3 e estava ajustando seu sistema de liquidação em preparação para competir no mercado à vista de ações no Brasil enquanto aguardava o resultado da arbitragem.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.